Estado muda regra e não recomenda cloroquina nem para caso grave

| 30/05/2020, 09:30 09:30 h | Atualizado em 30/05/2020, 09:42

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-04/372x236/cloroquina-hidroxicloroquina-276c14d68162731a16ca29bb1e1ff671/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-04%2Fcloroquina-hidroxicloroquina-276c14d68162731a16ca29bb1e1ff671.jpg%3Fxid%3D124632&xid=124632 600w, Caixa com comprimidos de hidroxicloroquina: uso do medicamento pode provocar efeitos colaterais

O governo do Estado mudou a recomendação para o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. As duas medicações eram sugeridas, desde o começo da pandemia, em casos graves, com indicação de internação em Unidade de Terapia Intensiva.

Uma nota técnica chegava a sugerir duas doses diárias nos primeiros quatro dias da internação – na chamada “fase de ataque”. O antibiótico azitromicina também era recomendado como uso acompanhado aos dois medicamentos.

Agora, essa recomendação deixa de existir. A indicação para casos leves, que já não existia, segue como estava.

O governo seguiu recomendações da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia; para os casos leves, ouviu as recomendações da Associação Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Com a decisão, a gestão Renato Casagrande vai de encontro ao recomendado pelo Ministério da Saúde, sob batuta de Jair Bolsonaro. O Ministério da Saúde divulgou um protocolo que libera no Sistema Único de Saúde (SUS) o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina até para casos leves de Covid-19. Até então, o protocolo previa os remédios para casos graves.

A mudança no protocolo era um desejo do presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.

Não há comprovação científica de que a cloroquina é capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda.

É a explicação do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes: “Retiramos a indicação por não haver evidências científicas de eficácia nos pacientes graves. A própria Organização Mundial da Saúde suspendeu pesquisa por falta de segurança. Agora, fica a cargo dos médicos a avaliação”, disse.

O protocolo federal mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre aplicar ou não.

Laboratório deixa de fornecer medicamento

O laboratório farmacêutico Sanofi interrompeu temporariamente o recrutamento de novos pacientes de Covid-19 para dois testes clínicos de hidroxicloroquina e não fornecerá mais o remédio para tratar a doença até as dúvidas a respeito de sua confiabilidade serem esclarecidas.

A decisão veio depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) parar seu grande teste de hidroxicloroquina, o que levou vários governos europeus a proibirem o uso do remédio, recomendado para tratar malária, artrite reumatoide e lúpus, mas que não tem comprovação de eficácia contra Covid-19.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro é um ardoroso defensor do uso da cloroquina, da qual a hidroxicloroquina deriva, no tratamento da Covid-19.

A Sanofi vinha realizando dois testes clínicos aleatórios e controlados de hidroxicloroquina contra a Covid-19.

Esperava-se que o primeiro testasse 210 pacientes dos EUA, França, Bélgica e Holanda no estágio inicial da doença que não estavam hospitalizados, e o segundo se concentraria em cerca de 300 pacientes hospitalizados com Covid-19 moderada ou grave na Europa.

O recuo da OMS resultou de um relatório publicado pelo periódico científico britânico The Lancet, segundo o qual os pacientes que receberam hidroxicloroquina apresentaram taxas maiores de arritmia cardíaca e mortalidade.

A Sanofi e a rival Novartis prometeram doar dezenas de milhões de doses do medicamento para Covid-19.

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