Duas mil fotos ocupam bancos de santuário
As igrejas, templos, casas de oração e terreiros sãos os espaços em que as pessoas buscam naturalmente um alívio espiritual e apoio emocional. Porém, com a pandemia do coronavírus, esses locais foram recomendados a suspenderem todas as atividades como forma de evitar o avanço da COVID-19.
Com isso muitos fiéis estão buscando alternativas para permanecerem em contato com a religião e com as comunidades religiosas. É o caso do Santuário Diocesano Nossa Senhora da Saúde, igreja católica do bairro Aricanga, em Ibiraçu. Lá na comunidade, o bispo emérito Dom Décio, 77 anos, colocou fotografias dos fiéis nos bancos da igreja durante as celebrações.
“Nós achamos um caminho com as fotos, pois a fotografia é também uma representação das pessoas. Mesmo elas não estando aqui fisicamente, estão sendo representadas. A resposta à nossa ação foi uma avalanche de fotografias que os fiéis foram nos mandando”, conta Dom Décio.
Desde as recomendações do governo do Estado e das autoridades de saúde para que as pessoas evitem sair de casa, o Santuário Diocesano Nossa Senhora da Saúde suspendeu todas as atividades. Missas e celebrações agora acontecem pela internet com a presença do padre, que também está em quarentena e abre uma exceção aos domingos, sempre tomando todos os cuidados.
“É uma situação que nos deixa triste”, disse Dom Décio sobre o distanciamento social. “Mas é preciso ter calma e sermos responsáveis. Eu gostaria de estar junto do povo, mas não posso fazer isso porque estou com 77 anos e a recomendação é que a gente se isole. Ainda mais nós que somos mais velhos, nós somos os preferidos desse vírus. Precisamos nos cuidar”, contou.
Duas mil fotografias de fiéis
Já são mais de 2 mil fotografias espalhadas pelo Santuário. Muitos fiéis que frequentam a igreja enviaram pelas redes sociais os registros pessoais. Permanecem presentes, representados pelas fotos, durante as celebrações e missas.
“A vida é um dom precioso e hoje precisamos mais do que nunca passar pela cruz, pelo sofrimento com sabedoria e paciência”, disse o bispo.
“Esse pode ser um momento de fé para que possamos refletir sobre nossos erros, nossa agitação, nossa busca por bens materiais. Precisamos mudar esse estilo de vida voltado para o egoísmo e individualismo. Precisamos meditar mais, orar mais, contemplar e nos abrirmos para o outro”, refletiu.