Cuidados ao usar remédios que reduzem imunidade

| 31/03/2020, 18:33 18:33 h | Atualizado em 31/03/2020, 18:48

O avanço do novo coronavírus no Brasil e no Espírito Santo é ainda mais preocupante para pacientes crônicos. Até medicamentos usados no combate a doenças podem abaixar a imunidade e deixá-los vulneráveis em caso de infecção pela Covid-19.

O receio em ser acometido pelo vírus fez pessoas cogitarem se é melhor suspender o uso dos remédios. A pedido da reportagem de A Tribuna, médicos responderam essa e outras dúvidas de pacientes que fazem uso contínuo de medicamentos.

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/milena-piana-7dfea6adfd0adf54c81982eec5b9563f/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Fmilena-piana-7dfea6adfd0adf54c81982eec5b9563f.jpg%3Fxid%3D115634&xid=115634 600w, A imunologista Milena Piana alerta que a suspensão dos medicamentos só deve ser feita sob indicação do médico que acompanha 
o tratamento
A alergista e imunologista Milena Piana alerta que a suspensão dos medicamentos só deve ser feita sob indicação do médico que acompanha o tratamento.

“Pessoas que tomam medicamentos imunossupressores (que reduzem a imunidade) devem ter um cuidado a mais para não se exporem ao coronavírus, mas não deixar de tomar. Descontinuar a medicação por conta própria pode levar a uma descompensação da doença, o que pode ser ainda pior do que a baixa na imunidade”, orientou.

Segundo Milena, o descontrole do quadro clínico leva o paciente ao hospital, demandando leito e aumentando a exposição a locais onde poderá ser infectado pela Covid-19.

Médica coordenadora do Pronto-Socorro do Hospital Meridional, Samira Dalmaschio de Oliveira reforça a necessidade de seguir a orientação do médico que faz o acompanhamento e orienta adotar hábitos que melhoram a defesa do organismo.

“A imunidade oscila se não forem trabalhados quatro pontos: dormir bem, boa ingestão de água, alimentação equilibrada e prática de exercício continuada. As atividades físicas estão restritas nesse momento, mas já haverá melhora significativa ao se alimentar e se hidratar bem”.

Segundo a médica, alguns sinais indicam que a imunidade está mais baixa, como sentir mal-estar ou desânimo.

A baixa defesa faz com que a pessoa fique mais propensa a uma piora no caso de contaminação pelo novo coronavírus.

A nutróloga Bárbara Machado acrescenta que hábitos de vida saudáveis contribuem para melhorar as defesas.

“Estamos passando por uma situação estressante, que contribui para o desbalanço da imunidade. É necessário gerenciar esse estresse com atividades que geram endorfina, sem quebrar o isolamento, como praticar luta, dançar ou ouvir música”.


srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/mal-estar-69a9a6c691294da5a48ba1995ecaeace/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Fmal-estar-69a9a6c691294da5a48ba1995ecaeace.jpg%3Fxid%3D115635&xid=115635 600w,

Mal-estar e desânimo entre os sinais

Pessoas que têm doença crônica estão mais vulneráveis ao coronavírus?

Nem todas as doenças deixam as pessoas mais vulneráveis em caso de contração da Covid-19.
Algumas doenças crônicas tendem a uma evolução para gravidade no coronavírus, como cardiopatias, diabetes, hipertensão e algumas respiratórias crônicas (como asma), além de pessoas em tratamento de câncer e transplantados, que já são imunossuprimidos e, por isso, tendem a ter piora no quadro clínico.

Em alguns casos, o risco é pela baixa imunidade. Em outras, é devido aos órgãos que a infecção acomete. Como o coronavírus ataca principalmente o sistema respiratório, quem já tem o pulmão comprometido, pode desenvolver pior a infecção.

O uso continuado de medicamentos pode comprometer a imunidade? Quais?

De modo geral, a medicação em si não abaixa a imunidade. Depende muito de quais medicamentos a pessoa faz uso.

Os imunossupressores diminuem a imunidade, mas a maioria desses remédios é controlada. Geralmente, os prescritos para pacientes com doenças crônicas ou transplantados.

Os corticoides, dependendo da dose, também podem levar à imunossupressão (redução da imunidade). Por isto, o uso deve ser orientado por médico, mesmo aqueles que podem ser comprados sem receita médica na farmácia, como xaropes e para alergia.

Já os anti-inflamatórios não hormonais (como dipirona, ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida, meloxicam) não são capazes de levar à imunossupressão. Ainda assim, o uso deve ser acompanhado, pois há efeitos colaterais sérios, como alteração renal, hepática, no estômago e até no coração.

Pessoas que tomam esses medicamentos imunossupressores devem suspender o uso?

Pessoas com doenças crônicas deve continuar tomando os medicamentos, pois são prescritos seguindo exames e são acompanhados de forma bem próxima pelo médico que os prescreveu. Esses não podem ser descontinuados. É preciso que o médico oriente.

Pessoas que tomam medicamentos imunossupressores devem ter um cuidado a mais para não se exporem ao coronavírus. Suspender a medicação por conta própria pode levar a uma descompensação da doença, o que pode ser ainda pior do que a baixa na imunidade.
A descompensação pode fazer com que a pessoa precise ir ao hospital, onde irá se expor ao vírus.

Pessoas com imunidade baixa estão em maior risco de contrair o coronavírus?

Todos estão expostos ao vírus. A diferença é que quem está com a imunidade baixa pode ter um quadro agravado.

A diferença deste para outros vírus já circulantes é que as pessoas ainda não têm o organismo preparado para combatê-lo. Então, quando ele entra no organismo, é preciso um tempo para resposta.

Pessoas que fazem uso de alguns remédios imunossupressores e/ou estão com a imunidade baixa vão demorar mais a responder e combater o vírus, e é isso que leva à gravidade.

Como a pessoa pode identificar se está com a imunidade baixa?

Existem alguns sinais que podem indicar que a imunidade está mais baixa, como sentir mal-estar ou desânimo. Essa queda na imunidade faz com que a pessoa fique mais propensa a uma piora no quadro de saúde no caso de infecção pela Covid-19.


HIPERTENSÃO E AVC: devo me preocupar?

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-03/372x236/fonoaudiologa-190473407b3db55b812764f11b7e47e7/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-03%2Ffonoaudiologa-190473407b3db55b812764f11b7e47e7.jpg%3Fxid%3D115636&xid=115636 600w,
A fonoaudióloga Bárbara Reis, 25, é hipertensa, já teve acidente vascular cerebral (AVC) e tem na família caso de doença autoimune (em que o sistema imunológico ataca células saudáveis). Com esse histórico, ela tem dúvidas se deve mudar os remédios que usa.

“Li vários artigos associando a losartana e o atenolol a casos de agravamento do coronavírus. Então, queria saber se existe alguma orientação sobre isso. Se é prudente mudar a medicação”. A orientação das médicas ouvidas pela reportagem é conversar com o médico que acompanha o tratamento para avaliar se há necessidade de troca.


Fonte: Médicas entrevistadas.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: