Casagrande admite que há subnotificação nos casos de coronavírus no Estado
"Há subnotificação no número de casos de coronavírus no Estado". A declaração é do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, durante entrevista coletiva à imprensa pela internet, no início da noite desta quarta-feira (8).
A resposta foi dada pelo governador após ser questionado pelo repórter Lucas Rezende, de A Tribuna, sobre a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que o governo estadual passe a adotar os critérios de definição e a notificação de casos suspeitos de coronavírus estabelecidos pelo Ministério da Saúde no dia 3.
A resposta de Casagrande foi direta: "É lógico que há uma subnotificação... Há uma subnotificação reconhecida publicamente no Brasil e por nós também, e estamos resolvendo o assunto".
De acordo com Casagrande, uma das medidas tomadas pelo Estado é aumentar a capacidade de realizar testes no Laboratório Central (Lacen). "Mesmo com pouco teste, testamos o dobro do que vem sendo testado no Brasil. Hoje fazemos 581 testes por milhão de habitantes, enquanto no Brasil são 258 testes por milhão de habitantes", disse.
O governador ainda acrescentou: "Aumentamos a capacidade do Lacen comprando com recursos próprios mais testes e articulando a aquisição de mais testes com empresas que estão nos ajudando e também com o Ministério da Saúde. Fazemos testes todos os dias".
Somente nesta quarta-feira, segundo Casagrande, foram realizados 221 testes de coronavírus no Lacen. "E todas as amostras que chegam ao Lacen estão sendo feitas. A geladeira está vazia no Lacen. A partir da chegada de mais testes, vamos poder testar mais pessoas, inclusive pessoas que não estão com sintomas nenhum. Às vezes a pessoa já teve o contágio e nem sabe, e é importante sabermos disso", explicou.
Notificação obrigatória
O Ministério Público Federal, em recomendação encaminhada ao Estado, alega que “a orientação estadual é de que os casos passíveis de notificação obrigatória são aqueles de pacientes portadores de síndrome respiratória aguda grave e de pessoas com sintomas respiratórios nas seguintes situações: pacientes hospitalizados, gestantes, profissionais de saúde, profissionais das forças de segurança, população privada de liberdade e portadores de comorbidades como diabetes, hipertensão, doença hepática, entre outras”.
Já a orientação do Ministério da Saúde é mais abrangente e não estabelece os critérios adotados no Estado, conforme o MPF. A recomendação destaca que, além de passar a adotar os critérios do Ministério, o Espírito Santo também deve determinar a apuração dos números de casos suspeitos de Covid-19, conforme definição operacional vigente do governo federal, que não tenham sido notificados.
O Estado tem o prazo de 72 horas para informar se irá cumprir a recomendação, que foi assinada pela procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, Elisandra de Oliveira Olímpio; pelo procurador-chefe do MPF/ES, Edmar Gomes Machado; e pelos procuradores da República Alexandre Senra, Carlos Fernando Mazzoco e Paulo Guaresqui.