Aposentada sobre mãe vítima da covid-19: “Foi uma grande guerreira”

| 20/05/2020, 13:46 13:46 h | Atualizado em 20/05/2020, 14:04

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-05/372x236/vitima-covid-maria-dornelas-da-silva-8722e45c0a69b2dc2462c6b4fced8534/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-05%2Fvitima-covid-maria-dornelas-da-silva-8722e45c0a69b2dc2462c6b4fced8534.jpeg%3Fxid%3D122908&xid=122908 600w, Aposentada Creuza Rodrigues de Lima com a mãe Maria Dornelas da Silva, que tinha 79 anos e morreu vítima da Covid-19. Ela morava em Vila Velha

“Quanta falta você me faz, mãe”. É assim que a aposentada Creuza Rodrigues de Lima, de 58 anos, traduz um pouquinho da saudade que sente da pensionista Maria Dornelas da Silva, 79. Ela morreu no último sábado, após lutar contra o novo coronavírus (Covid-19).

Apesar do vazio que ficou, Creuza quis fazer uma homenagem à mãe, a quem não se cansa de chamar de uma “grande guerreira”.

A Tribuna – Me fale sobre o perfil da sua mãe?
Creuza Rodrigues de Lima– Ela nasceu em Minas Gerais, mas em 1970 veio para o Espírito Santo. Teve cinco filhos, oito netos e nove bisnetos. Ficou viúva aos 37 anos.

Quando morava em Aimorés (MG), ela fazia vasos de flores e embarcava no trem, na época da maria fumaça, para vender em Colatina. Atualmente morava em Vila Velha e era muito feliz.

Gostava de dançar, de viver... Olha, a minha mãe foi uma grande guerreira. Ela costurava com lamparina para sustentar a família.

Ela tinha alguma doença?
Câncer de pele.

Quais sintomas ela sentiu antes de ser internada?
No início de maio ela sentiu uma dor nas costas e decidimos levá-la ao Hospital Evangélico de Vila Velha. Foi diagnosticada com pneumonia e após ser medicada recebeu alta. Porém o seu quadro se agravou, veio a febre e dores nas articulações e cerca de uma semana depois ela retornou para o hospital. Inicialmente ficou internada no quarto e pudemos acompanhá-la, eu e meus dois irmãos.

Fui a última filha a ficar com ela.

O que ela dizia?
Ela só falava: “segura a minha mão, me liberta minha filha”. Ela era da Renovação Carismática e tinha muita fé. No romper da manhã, às 7 horas, um médico entrou no quarto e perguntou: “Dona Maria a senhora está respirando bem?” Ela respondeu: “Pouco”. Nisso, ele disse que teria de fazer a entubação. Ele perguntou qual era a idade dela: “Tenho 79 anos, mas vou viver muito mais”.

Falou alguma coisa para ela antes de ser entubada?
Não consegui mais (choro). O médico me abraçou (choro) e disse para eu ter fé, ter força. Ela foi para a UTI no dia 12 e, infelizmente, no dia 16 (sábado) faleceu.

Ela tinha medo da Covid-19?
Não. Ela dizia: “Eu peguei esse coronavírus, mas vocês não irão pegar essa doença malvada. Palavras de mãe têm poder”. Graças a Deus ninguém pegou.

O que fica além da saudade?
Ela deixou um legado de honestidade. Sentiremos muita falta (choro), mas ela partiu em paz.

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