O povo conspira com quem o protege!
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (09)
A sociedade se organiza à proporção que surgem desafios e objetivos a serem conquistados em setores da vida social. A Teoria Social Crítica informa que as comunidades se organizam em busca de esclarecimento e emancipação participativa.
Outra importante evidência é que os organismos sociais aceitam cumprir regras, a fim de responsavelmente poderem atuar no processo de construção da paz social.
Guaçuí, uma pequena cidade do Espírito Santo, emoldurou saberes e um novo modelo de interatividade social, antes nunca vistos na prática do sistema de Justiça Criminal. Foi um passo disruptivo e evolucionário.
Em 1994, com o despertar de um democrático tempo, nasceu e floresceu a Polícia Interativa, que segundo o ex-ministro Nelson Jobim, à época, na pasta da Justiça, mudaria a mão de direção da Polícia brasileira, através da descoberta da interatividade social.
Foi assim, com a participação dos órgãos de segurança pública, do município e da sociedade, que estudando Maquiavel, acabamos por aprender na prática que o povo conspira com quem o protege.
De Guaçuí para o Brasil, a escalada da interatividade social foi espetacular. O descrédito por parte de alguns atores institucionais e políticos na inovadora ideia só a fez fortalecer e espraiar-se. Um sucesso replicado com efetividade nas mais variadas plagas deste imenso País.
Passadas quase três décadas, mesmo que os pessimistas ainda existam, a interatividade social no ambiente da Ordem Pública continua em alta Brasil afora.
Lembrando a lição de que “as comunidades não rejeitam a oferta de segurança”, hoje é possível ver a aplicação teórico-prática do nosso Método Interativo de Segurança Cidadã (MISC), por instituições comunitárias como a Federação dos Conselhos Interativos de Segurança Pública do Espírito Santo. Assim, a Feconseg é um exemplo da existência de fatores sócio institucionais convergentes que sustentam a interatividade social.
Historicamente, os constituintes capixabas de 1989 abriram um vasto horizonte para a democratização da ordem pública, dando literalmente à sociedade civil o direito de formular e fazer, em parceria decisória, a cogestão das políticas públicas.
Outrossim, com o apoio e incentivo da Polícia Militar do Estado, através da Diretoria de Direitos Humanos e Polícia Interativa e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), caminhos têm sido abertos para a pavimentação da estrada da interatividade social, mesmo que timidamente.
Desse modo, a Feconseg é herdeira e sucessora do legado da Polícia Interativa de Guaçuí, labutando, cotidianamente, para preservar a comunhão democrática entre a sociedade civil e os órgãos de segurança pública.
Parabéns e força para continuarem sendo exemplos na disseminação da cultura de paz no Espírito Santo, nunca deixando o nosso “capixabismo”, conforme acentua a memorável frase de Dom João Batista da Mota e Albuquerque, ex-arcebispo de Vitória: “Só o povo salva o povo”.