Zonas azuis e os segredos para chegar aos 100 anos
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (16)
Há mais de 15 anos, o pesquisador e escritor norte-americano Dan Buettner vem se dedicando a desvendar os mistérios da longevidade em regiões conhecidas por abrigar uma grande quantidade de centenários. Essas áreas, chamadas de “zonas azuis”, são formadas por comunidades onde chegar aos 100 anos é uma possibilidade real e acessível.
Em suas expedições, Buettner identificou cinco regiões com diferenças culturais e geográficas, mas que compartilham princípios comuns ligados à saúde e bem-estar.
Os ensinamentos dessas regiões vão além de uma dieta específica ou exercício milagroso. Trata-se de uma combinação de fatores, como alimentação saudável, atividade física regular, conexões sociais fortes e um profundo senso de propósito. Esses componentes revelam que, embora envelhecer seja inevitável, a forma como envelhecemos depende amplamente das escolhas que fazemos ao longo da vida.
Um estudo dinamarquês, o “Danish Twin Study”, mostrou que apenas 20% da longevidade é atribuída aos genes, enquanto os outros 80% dependem do estilo de vida e do ambiente. Isso reforça a importância do cotidiano no envelhecimento, tornando as lições das zonas azuis mais valiosas para quem busca viver mais e melhor.
As pesquisas de Buettner começaram na Sardenha, ilha italiana com uma alta taxa de centenários. Demógrafos, ao mapear as áreas de longevidade, usaram uma caneta azul para marcar o mapa, criando o conceito de “zona azul”. Então, outras regiões entraram na lista, como Okinawa, no Japão; Icaria, na Grécia; Loma Linda, nos EUA; e a Península de Nicoya, na Costa Rica. Apesar de distante, esses locais compartilham segredos que promovem vida longa e saudável.
Um dos fatores mais evidentes é a alimentação. Nessas comunidades, a dieta é baseada em vegetais, com consumo moderado de proteínas animais, especialmente peixes e laticínios. Alimentos ricos em antioxidantes, como frutas, legumes, grãos integrais e nozes, são consumidos com regularidade. Há um controle das porções, e as refeições são apreciadas de forma consciente, em boa companhia, o que contribui para evitar excessos e garantir uma nutrição equilibrada.
Outro ponto é o nível constante de atividade física. Habitantes de zonas azuis não frequentam academias ou seguem regimes intensos de exercícios. A atividade faz parte do dia a dia e está integrada ao cotidiano, como caminhar, cultivar hortas e atividades manuais. Movimento natural, aliado a vida ativa, mantém a saúde física e mental, retardando o envelhecimento.
As conexões sociais e o senso de comunidade também desempenham papel crucial na longevidade. Nas zonas azuis, o apoio entre familiares e vizinhos é constante, e a participação em grupos sociais e religiosos é comum. O laço de relacionamentos fortalece a saúde emocional e cria uma sensação de pertencimento, fundamental para lidar com as adversidades da vida. O estresse, que é um fator de risco para várias doenças, é gerido de maneira mais eficiente em ambientes com laços sociais fortes e um senso de propósito.
