Os três pilares do texto dissertativo-argumentativo
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (03)
Independentemente do vestibular prestado e do gênero textual cobrado, qualquer redação se apoia em três pilares. O primeiro pilar diz respeito ao vestibular em si, à natureza da proposta de redação normalmente cobrada naquele vestibular específico. É preciso conhecer – e treinar – a prova de redação da instituição pretendida.
A redação cobrada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas/SP), por exemplo, em nada se parece com a redação da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), da Vunesp (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista), da UVV (Universidade Vila Velha) ou da Emescam (Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória), muito menos com a redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Conhecer a proposta de redação, a natureza temática, o gênero textual exigido, bem como os critérios e a grade de correção, é essencial para se sair bem numa prova de redação.
O segundo pilar se refere à forma, isto é, à maneira como o texto se apresentará. Do ponto de vista da paragrafação, os textos de alta performance, nos vestibulares, costumam apresentar quatro parágrafos:
Introdução (1º parágrafo – lugar de apresentar e problematizar o tema, além de apresentar o posicionamento com relação ao assunto, ou seja, a tese); Desenvolvimento (2º e 3º parágrafos: D1 – primeiro parágrafo do desenvolvimento; D2 – segundo parágrafo do desenvolvimento – no desenvolvimento se concentram os argumentos, por meio de estratégias argumentativas consistentes, que sustentam a tese); e Conclusão (4º parágrafo – onde se encerra o raciocínio, normalmente apresentando uma solução para o problema analisado).
Além da estrutura dos parágrafos, a forma ainda contempla a linguagem empregada no texto.
A banca examinadora de um vestibular espera encontrar no texto dissertativo-argumentativo uma linguagem formal, culta, impessoal (3ª pessoa), objetiva, concisa e coesa.
Por isso, ortografia, acentuação, pontuação, concordância, regência, vocabulário adequado (precisão lexical), além do uso adequado e variado de mecanismos de coesão, devem ser de domínio do candidato.
Por fim, deve-se considerar como pilar o conteúdo: o que dizer sobre o tema. Uma redação modelar, nota merecidamente alta, deve fugir do senso comum, dos clichês, dos lugares-comuns. É aqui que o candidato mostra ter conhecimento de mundo, bagagem cultural, senso crítico e repertório; mais que informado, ele deve saber ler e interpretar a informação, os acontecimentos, os fatos, o mundo. Resultado disso é uma produção textual autoral, original, com profundidade e com consistência argumentativa.
Sem o conhecimento e o domínio desses pilares, corre-se o risco de se produzir um texto inadequado do ponto de visto técnico, o que poderá acarretar uma nota bem abaixo da pretendida – e talvez necessária – pelo candidato.