O conceito de Direita e Esquerda com base na Revolução Francesa
Tratar o tema “ideologia política” nos tempos atuais no País pode ser arriscado, devido ao acirramento da dicotomia Direita x Esquerda dos últimos tempos. Mas ouço várias conversas sobre o assunto e, em muitos casos, com defesas exacerbadas de ambos os lados. Talvez fosse legal fazer, de forma pretensiosa, uma breve descrição sobre a etimologia dos termos.
Não há como tratar do assunto Direita x Esquerda sem associá-lo à Revolução Francesa. Inicialmente, por ser um período de enfraquecimento e desestruturação do poder absolutista da nobreza e do fortalecimento e expansão da nova classe social ascendente da época, a “burguesia”.
A estrutura social francesa no século XVIII tinha a nobreza no topo da pirâmide, o clero e, depois, a plebe, onde os servos (não escravos, pois não eram propriedade dos nobres), trabalhavam para os senhores feudais.
Com o fortalecimento do comércio via troca de produtos e mercadorias, e o surgimento da moeda, muitos servos optaram por trabalhar por conta própria e trocar/comercializar seus produtos, sem ter que aturar os seis dias por semana de trabalho para os nobres nos feudos.
Com o desenvolvimento das atividades comerciais, foram criados espaços específicos para estas, os chamados “burgos”, daí o nome burguesia.
Com o declínio do poder dos nobres, o fortalecimento desta nova classe e todo o contexto da Revolução Francesa, buscou-se uma maior participação da sociedade nas decisões políticas.
Surgiram os chamados “parlamentos”, onde os participantes, inclusive parte da plebe, agora nova classe média, deveriam defender seus interesses e suas posições.
No entanto, na organização desses parlamentos (não falaremos de jacobinos e girondinos), a aristocracia feudal ficava à direita das assembleias. E a nova classe social, que buscava romper com o poder dominante à época, sentava-se à esquerda dos parlamentos.
Assim, do lado direito ficavam os “conservadores”, que visavam manter a estrutura social tradicional e dominante até então e, do lado esquerdo, aqueles vistos como mais radicais, que pediam e reivindicavam mudanças mais profundas na sociedade da época, a fim de romper com os privilégios das classes dominantes. Daí os termos!
Não se pode negar que a Revolução Francesa foi uma revolução da classe média da época (burguesia), que, por seu crescimento econômico no sistema feudal, acabava por sustentar os privilégios da nobreza e do clero, sentindo-se assim no direito de reivindicar espaço nas decisões políticas.
Vale lembrar que Karl Marx e Friedrich Engels não haviam escrito ainda seu “manifesto comunista”, e a associação do termo “esquerda marxista” conforme a etimologia do termo não faz muito sentido.
Mas é preciso ter calma ao defender qualquer uma das ideologias. Apesar de exemplos como Venezuela e Coreia do Norte (esquerda), lembre-se de que muitos governos africanos são de direita e parece que a situação não anda muito melhor por lá. O melhor é ter bom senso!