O “Clube de Roma” e as lições sobre o meio ambiente

| 08/10/2021, 11:57 11:57 h | Atualizado em 08/10/2021, 12:03

Há cerca de uma semana, uma enorme nuvem de poeira assustou moradores do interior de São Paulo. No último domingo, foi a vez de o mesmo fenômeno atingir cidades do Mato Grosso do Sul. Chamado pelos meteorologistas como “haboob”, este fenômeno alia temporais, com ventos fortes em contato com o solo extremamente seco característico desta estação.

Seja por medo ou preocupação, o fato acabou por levantar uma série de questionamentos, dentre eles: o que está acontecendo com nosso planeta?

Segundo dados do Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC – em inglês), os desastres climáticos quintuplicaram nos últimos 50 anos. Mais de 11 mil desastres devido a fenômenos extremos foram registrados no planeta desde 1970.

Afirma também que 7 dos 10 desastres mais caros dos últimos 50 anos ocorreram após 2005. Três deles só em 2017, especialmente furacões.

Parece visível que há uma alteração gritante no funcionamento natural do planeta, seja pelas ondas de calor e frio, seja por desastres naturais ou não, seja pelo que for, pelos ciclos geológicos ou mesmo pelo antropoceno. É difícil negar que a natureza grita.

Talvez fosse legal a gente voltar à década de 1970, ou talvez reler algumas coisas de 1972.
Bem, no ano de 1968, um grupo de empresários (entre eles Alberto Peccei – presidente de honra da Fiat), cientistas (também entre eles o escocês Alexander King), além de diplomatas, representantes de governos e economistas, se reuniram para discutir o uso crescente dos recursos naturais, surgindo o “Clube de Roma”, pois o encontro se deu numa pequena vila perto desta cidade.

O clube existe até hoje e atua como ONG que continua propondo e debatendo temas relacionados às questões econômicas, produtivas, sociais e ambientais.

Desse encontro surgiu o relatório “Os Limites do Crescimento”, que foi coordenado por Dennis Meadows, junto com um grupo de cientistas do MIT, e completará 50 anos em 2022.

O estudo apontou que a humanidade não deveria pensar em desenvolver somente a economia produtiva, mas também desenvolver estratégias de uso sustentáveis, porque tudo tem um limite, inclusive a natureza, mesmo diante da promessa de um crescimento econômico que seria infinito.

O relatório destaca a impossibilidade do crescimento exponencial, que tal ação nos levaria ao colapso como humanidade e que, na verdade, todo crescimento deveria ser limitado.

Bem, pode parecer não haver novidade nenhuma aqui. No entanto, fico aqui me perguntando: se já sabemos de tudo isso, será que não dá para ouvir o que nos falaram em 1972?

Joilton Rosa é cientista social e professor.

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