Finados
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Na Última Ceia, aos discípulos, tristes, pelo anúncio de sua próxima partida, Jesus os consola: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; credes, também, em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas: vou preparar-vos um lugar. E, quando eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei para junto de mim, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também”.
São Paulo, escrevendo ao tessalonicenses, assim, exorta: “Não queremos, irmãos, que fiqueis na ignorância a respeito dos que adormeceram, a fim de que não vos entristeçais como os outros, que não têm esperança”.
Jesus deu um novo sentido à morte: “Ao morrer, Jesus matou a morte, – diz Santo Ambrósio –, que matava a vida”. “A morte foi tragada pela vitória – diz Paulo –. Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? Sejam dadas graças ao nosso Senhor Jesus Cristo, que nos partilhou sua vitória sobre a morte!”.
Disse Jesus à Marta: “Teu irmão ressuscitará”. Disse-lhe Marta: “Sei que ressuscitará, na ressurreição, no último dia”. Disse-lhe Jesus: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim jamais morrerá. Crê isso?” Disse-lhe Marta: “Sim, Senhor, eu creio, que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir a este mundo”.
A oração da Igreja, pelos defuntos, está repleta de humana suavidade e divina certeza:
“Nele, refulge para nós a esperança da feliz ressurreição. E aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Ó Pai, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus, um corpo imperecível”.
Para o cristão, a morte não é o fim, mas o início, pois nascemos para morrer, mas, morremos para viver uma vida plena e eterna; nascemos duas vezes, a segunda é para sempre. A morte é uma vitória com aparência de derrota; não é o fim de um livro, mas, de um capítulo.
Na Comunhão dos Santos, há um vínculo estreito entre nós que peregrinamos nesta Terra e os que já alcançaram a vida eterna.
A fé, na vida eterna, confere uma coragem suplementar para amar a vida e trabalhar para construir um mundo de justiça e paz, imagem da cidade celeste.
A vida humana é uma sombra, um sopro e um debruçar-se de uma janela. Cristo transformou a sombra em luz; o sopro passageiro em vida eterna; uma olhada de uma janela, na visão de Deus, face a face.
“Bem-aventurados os mortos, que morrem no Senhor – diz o Apocalipse – pois vão descansar de seus trabalhos e suas obras os seguirão”.
Jesus, do alto da Cruz, dirige ao malfeitor crucificado, palavras, que gostaríamos nós, também, de ouvir, quando chegar a nossa hora: “Em verdade te digo: hoje, estarás comigo no paraíso”. A morte, assim, para o cristão, não é morte: é Páscoa; é Ressurreição; é semente de vida imortal.
PADRE ERNESTO ASCIONE é missionário comboniano