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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Divina comédia

Coluna foi publicada no domingo (12)

Pedro Valls Feu Rosa | 13/11/2023, 11:20 h | Atualizado em 13/11/2023, 11:22

Imagem ilustrativa da imagem Divina comédia
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo |  Foto: Arquivo/AT

Há algum tempo descobriram um sinal de trânsito defeituoso lá no Japão, na cidade de Fukushima. O dito cujo funcionava – ou deveria funcionar – no cruzamento de Aizu-Wakamatsu. Porém, devido a um erro de programação, durante alguns segundos, o semáforo indicava “luz verde” para todos que estivessem aguardando passagem.

Como seria de se esperar, acabou acontecendo um acidente – felizmente uma colisão sem maiores consequências. A Polícia, após ouvir os dois motoristas envolvidos dizerem que o sinal estava “verde” quando entraram no cruzamento, imediatamente iniciou uma ampla investigação, que acabou por descobrir a falha na programação.

Vamos aos resultados, que transcrevo do sério jornal “The Japan Times”: “A Polícia admitiu que o erro foi inteiramente devido à sua negligência. Ela pediu desculpas aos motoristas, compensando-os por todos os custos dos danos causados”.

O Chefe da Seção de Controle de Tráfego, Masato Motoyoshi, assim declarou aos jornais: “Eu instruí todas as estações para que inspecionem os semáforos sob suas jurisdições. Nós tomaremos os cuidados para assegurar que nada assim volte a ocorrer”.

Deste episódio extraímos notável lição de respeito à cidadania: de forma rápida abriu-se uma investigação e, uma vez constatado o erro, pediu-se desculpas publicamente e providenciou-se o completo ressarcimento dos danos – não houve necessidade de longos processos judiciais, execuções, penhoras ou seja lá o que for.

Este exemplo ganha especial importância se considerarmos a pobreza do Japão, um país pequeno, exposto a terremotos frequentes e carente de riquezas minerais.

Mas vamos a um outro caso, ocorrido nas Ilhas Maldivas e noticiado pelo jornal “Haveeru Daily”. Lá, sete motocicletas estacionadas uma ao lado da outra foram abalroadas por um veículo do governo, e quatro delas acabaram completamente destruídas. Apurou-se que o veículo oficial vinha em excesso de velocidade quando seu condutor perdeu o controle da direção.

Imediatamente o governo apresentou desculpas públicas, recolheu as motocicletas danificadas e convocou os proprietários das mesmas a fim de que fossem indenizados. Também lá não houve necessidade de longos processos judiciais.

Enquanto isso, não faz muito tempo li que buracos causaram, em um trecho de apenas 200 km de uma rodovia brasileira, 118 acidentes dos quais resultaram 97 feridos e 10 mortos. Até onde sei a Administração Pública ainda não se preocupou em indenizar estes infelizes motoristas ou suas pobres famílias.

Aliás, li que a única atitude concreta adotada foi a de colocar naquele trecho as tristes mas tão comuns placas de “Cuidado! Buracos na Pista!”.

Dante Alighieri, em seu livro “A Divina Comédia”, escreveu que na porta do inferno há uma placa com os dizeres “deixai toda esperança, vós que entrais”. Talvez, ao lado das placas que alertam sobre a existência de buracos, devesse ser colocado também este aviso, endereçado aos contribuintes brasileiros que por lá passassem.

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