Deus é justo

Coluna foi publicada no domingo (24)

Pedro Valls Feu Rosa | 25/03/2024, 11:40 11:40 h | Atualizado em 25/03/2024, 11:39

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/170000/372x236/Deus-e-justo0017322600202403251140/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F170000%2FDeus-e-justo0017322600202403251140.jpg%3Fxid%3D763531&xid=763531 600w, Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

Há alguns dias meditava sobre o caso do pai que abusava sexualmente de sua filha de apenas 6 anos de idade enquanto com ela assistia a filmes pornográficos. Acabou condenado a 18 anos de reclusão. Há também o avô que mantinha relações sexuais com suas duas netas, uma de 5 anos de idade e a outra de 7 anos. Viu-se condenado a cumprir uma pena de 33 anos de reclusão.

E que dizer do caso do padrasto que abusava da enteada? Quando o descobriram a vítima, com apenas 14 anos de idade, já era mãe de dois filhos. Este drama resultou em uma condenação a 40 anos de reclusão.

Cito em seguida a vítima deficiente estuprada pelo próprio irmão – que foi condenado a amargar 13 anos de reclusão.

Igualmente estuprada foi uma criança de 11 anos de idade – seu próprio pai foi o culpado, após embriagá-la duas vezes. Por conta disso, cumpre pena de 13 anos de reclusão.

Um outro pai costumava chegar em casa bêbado e estuprar a filha, de apenas 8 anos de idade. Acabou processado e condenado a cumprir uma pena de 9 anos de reclusão.

Não nos esqueçamos do padrasto que abusava sexualmente de suas duas enteadas – de 8 e 12 anos de idade – enquanto assistia a filmes pornográficos. Isto resultou em uma pena de 31 anos de reclusão.

Digno de menção, igualmente, o pai que abusou sexualmente de suas duas filhas, de 10 e 12 anos de idade. Foi condenado a 12 anos de reclusão.

Nem os meninos escapam: um, de 8 anos, foi abusado sexualmente por um vizinho – que viu-se condenado a 8 anos de reclusão.

Não menos abjeto foi o caso do tio que estuprou sua sobrinha de 11 anos, quase que diariamente, ao longo de dois anos, engravidando-a. Recebeu uma condenação de 22 anos de reclusão.

Crime similar foi cometido pelo pai de outra menina, igualmente de 11 anos. A condenação alcançou 15 anos de reclusão.

Recordemos, também, o episódio de abuso sexual praticado por um cidadão contra uma amiguinha de sua neta – de 9 anos de idade. O resultado foi uma pena de 9 anos de reclusão.

Encerro com o caso do pai que começou a abusar sexualmente de sua filha quando esta contava apenas 3 anos de idade! Acabou condenado a cumprir 15 anos de reclusão.

Sabe o que há de chocante em todos estes casos? Compuseram a “rotina” de um único juiz de Direito, em um único Juizado, durante apenas sete meses!

Fico a recordar trechos da famosa oração do pai de Bob Russell: “Ó Senhor, sabemos o que diz Sua palavra, “maldição aos que chamam o mal de bem”, mas é exatamente o que temos feito.

Nós temos perdido o equilíbrio espiritual e invertido nossos valores. Nós temos cometido adultério e chamado a isto um caso. Nós temos aprovado a perversão e chamado a isto estilo de vida alternativo. Nós temos poluído o ar com profanações e pornografia, e chamamos a isto liberdade de expressão”.

Pois é. Que cada uma dessas crianças nos perdoe – afinal, nas palavras de Thomas Jefferson, “eu temo pela minha espécie quando penso que Deus é justo”.

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