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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Conde d´Eu nunca deixou de amar o Brasil que o acolheu

| 19/02/2020, 07:18 h | Atualizado em 19/02/2020, 07:33

A vida de Gastão de Orléans não foi fácil. Aos 5 anos, foi exilado de sua pátria natal, a França, por um golpe republicano que destronou seu avô, o rei Luís Felipe. Uma de suas primeiras lembranças é a de estar apavorado numa carroça superlotada, fugindo com sua mãe na tentativa de chegar a um barco de pescador para escapar para a Inglaterra. Apenas voltaria décadas depois.

Sua criação, na corte exilada de seu avô, que recebera uma mansão emprestada pela rainha Vitória, da Inglaterra, foi rigorosíssima. Além de intensos estudos e severa disciplina católica, ele e seu irmão eram submetidos a exercícios físicos extenuantes.

Sua família era obcecada por militarismo. No início da idade adulta, sem a possibilidade de servir a sua pátria, pois estava proibido de voltar à França, seu tio, cunhado do rei da Espanha, lhe arrumou uma posição em seu exército.

Construiu uma pequena reputação militar, lutando no Marrocos, mas passados cinco anos, não via horizontes naquela carreira.

Coincidiu que, naquela época, D. Pedro II buscava jovens de família real para se casarem com suas filhas, as princesas Isabel e Leopoldina. A irmã de D. Pedro, D. Francisca, casada com o príncipe de Joinville, filho do rei Luís Felipe, encontrou dois candidatos, seus sobrinhos Gastão, o Conde d`Eu, e Augusto, o duque de Saxe.

Os primos vieram ao Brasil sem compromisso, mas esperava-se que Augusto se casasse com Isabel, e Gastão com Leopoldina. Após um primeiro contato sorumbático, em que as tímidas jovens quase não falaram, foram se entrosando e, por um acaso de novela, as pretensões matrimoniais se inverteram, tendo o Conde d´Eu se casado com Isabel e o Duque de Saxe com Leopoldina.

Não sem entreveros com o imperador, que temia por sua segurança, Gastão conquistou espaço no exército, vindo a liderar a Tríplice Aliança na guerra. Como sinal do que viria, o Conde d`Eu extinguiu a escravidão no Paraguai.

Nas ocasiões em que D. Pedro viajou ao exterior, Gastão trabalhou diuturnamente pelas regências de Isabel. Em 1888, quando o imperador viajou à Europa, o casal já adotara postura francamente abolicionista. A força do movimento político, associado à firme convicção dos valores do casal, levaram a princesa Isabel a assinar a Lei Áurea. O ato lhe custou a coroa. Assim como D. Pedro II, não se preocupava com as honras da monarquia, mas com o Brasil. Tendo sido exilados, após a proclamação da República, puderam se estabelecer na França, onde tiveram uma vida modesta, com o auxílio de familiares de Gastão.

Os anos se passaram e o presidente Epitácio Pessoa permitiu que a família imperial retornasse. Isabel já havia morrido.

Em 1922, tendo sido convidado para o centenário da Independência, o Conde d´Eu embarcou rumo a sua pátria afetiva com a família mas, talvez pelo peso das emoções, morreu na viagem. Nunca deixou de amar a pátria que o acolhera. Seus restos mortais repousam junto a Isabel e ao casal imperial na Catedral de Petrópolis.

Sérgio Lievore é historiador.

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