Carnaval e a pressão de estar sempre feliz
Confira a coluna de sábado (1º)
O Carnaval é a maior festa popular do Brasil. Ruas lotadas, música alta, fantasias coloridas e pessoas celebrando juntas fazem parte do imaginário coletivo dessa época do ano. Para muitos, é um momento de alegria e diversão, uma pausa na rotina para esquecer os problemas e se jogar na folia. Mas o que acontece quando não sentimos essa mesma empolgação? Será que estamos errados por não querer participar?
A sociedade nos ensina, desde pequenos, que certas datas devem ser comemoradas com alegria. No Carnaval, a ideia de que “todo mundo está feliz” pode criar uma pressão invisível, fazendo com que aqueles que não se sentem animados se sintam deslocados, inadequados. O problema não está na festa, mas na obrigação de sentir algo que nem sempre vem de forma natural.
Na perspectiva da psicologia humanista existencial, cada indivíduo é único e tem sua própria forma de experienciar o mundo. Forçar-se a participar de algo que não ressoa internamente pode gerar um vazio ainda maior. É essencial respeitar os próprios sentimentos e buscar maneiras saudáveis de aproveitar o período sem culpa.
Carl Rogers, fundador da Abordagem Centrada na Pessoa, enfatizava que o bem-estar psicológico depende da congruência, da harmonia entre o que sentimos internamente e o que expressamos ao mundo. Quando tentamos nos encaixar em padrões que não refletem nossa verdade, podemos experimentar incongruência, um desconforto emocional que pode levar à ansiedade, frustração e até à perda da própria identidade. O Carnaval, assim como qualquer outro evento social, só será significativo se estiver alinhado com nossa experiência autêntica.
Pode ser uma chance para descansar e reorganizar os pensamentos, especialmente após o ritmo acelerado de início de ano. Aproveite o tempo livre para fazer algo que traga bem-estar: ler um livro, assistir a filmes, praticar esporte ou simplesmente passar um tempo de qualidade consigo mesmo.
Aproveitar a própria companhia pode ser um aprendizado valioso. Em um mundo onde somos constantemente bombardeados por expectativas sociais, aprender a ouvir a si mesmo e respeitar suas emoções é um ato de autocuidado. Rogers defendia que o crescimento pessoal ocorre quando nos aceitamos genuinamente, sem atender às expectativas externas. Isso significa que sentir-se feliz no Carnaval não é obrigação, assim como se resguardar e buscar atividades mais introspectivas também não precisa ser motivo de culpa ou estranhamento.
Se a tristeza ou o desconforto forem muito intensos, conversar com amigos ou buscar apoio profissional pode ser uma alternativa importante. Não há maneira “certa” de viver o Carnaval. Se para alguns representa folia e celebração, para outros pode ser um momento de introspecção e descanso. Ambas as escolhas são válidas, desde que respeitem o que cada pessoa realmente sente. O importante é lembrar que a felicidade não é uma imposição e que cada um tem o direito de vivenciar suas emoções de maneira autêntica e respeitosa.
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