A música ensina uma geração que não vive o “aqui e agora”
Coluna publicada na edição desta quarta-feira (19), do jornal A Tribuna
Sempre gostei muito dos Beatles, principalmente de John Lennon. Os pensamentos dele são completamente atemporais e fazem refletir sobre vários aspectos da vida. Um deles, inclusive, martela na minha mente vez e outra: “A vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos”.
Quando você ouve música, prefere se deixar levar pelas melodias ou foca nas letras? Eu escolho sempre a segunda opção e, além de refletir sobre o que as músicas dizem, penso em como elas podem ensinar a esta nova geração, que, em busca do futuro, não vive o presente, o “aqui e agora”.
Leia mais sobre Tribuna Livre aqui
No clipe da música “Segredos”, Frejat conta a história de um homem que se apaixona pela beleza da lua e passa vários dias planejando ir até lá, enfrentando diversas dificuldades. Quando consegue chegar, ele se depara com um ambiente feio, inóspito e completamente diferente do que imaginava. É quando se dá conta do quanto o planeta Terra é belo.
A música “Epitáfio”, do Titãs, conta a história de uma pessoa que faleceu e se arrepende da vida que viveu. Ela nos convida a refletir sobre como vivemos e o que realmente importa.
“Time”, da banda Pink Floyd, começa com som de despertador, indicando que é hora de acordar e começar o dia. A letra questiona sobre o que fizemos com o tempo que nos foi dado, mostrando que muitas vezes o desperdiçamos com coisas sem importância. A vida passa em um piscar de olhos!
Sobre o que esses gigantes da música nos ensinam? Ensinam a respeito da negligência do ser humano com o presente. Se fizéssemos uma eleição das frases mais “sentidas” no mundo, posso apostar que esta figuraria entre as mais bem colocadas: “Eu era feliz e não sabia!”
Leia mais
Consciente, Brasil pode voltar a ter orgulho da vacinação
Estamos sempre olhando lá na frente. Vivemos mais presos a nossos pensamentos, projetando um futuro, do que de fato vivendo o dia. Não por acaso, mais pedimos do que agradecemos. Fazemos isso porque existe a eterna necessidade de alcançar, conquistar, atingir, ter e ser alguém. Isso se torna tão intenso, mas tão intenso, que se transforma em insatisfação, tristeza, frustração e até em transtornos como pânico, estresse e ansiedade. Como diz Lennon, a vida é exatamente isso que você está perdendo.
“Segredos” escancara a realidade de que só nos apaixonamos por aquilo que ainda não temos e nos esquecemos de ver o tanto de coisas incríveis que conquistamos, das quais deveríamos desfrutar e pelas quais precisamos agradecer. Com Epitáfio, aprendemos que a morte é inevitável, mas que a vida pode ser bela e intensa. “Time” é um alerta para pararmos de viver no automático.
A música é a maior prova de existência da humanidade, e, se paramos para escutá-las de fato, pode transformar as nossas vidas. Que tal escutar uma boa música hoje e se inspirar? Eu sugiro Paciência, de Lenine. “Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso, faço hora, vou na valsa. A vida é tão rara!”. Não é o topo que importa, mas, sim, o caminho! Vamos na valsa. É melhor!
Matheus Medeiros é especialista em Recursos Humanos
Tags