A mulher que ajudou a fundar o cooperativismo moderno
Coluna foi publicada no sábado (30)
O cooperativismo no mundo possui números estratosféricos. Estima-se que existam 3 milhões de cooperativas ao redor do planeta que são responsáveis por reunir 1 bilhão de cooperados e empregar 4% da população mundial. O que poucos sabem, entretanto, é que esse movimento, que hoje reúne milhões de pessoas, começou com um grupo de 28 tecelões. Entre eles, uma mulher: Eliza Brierley.
O pioneirismo marcou o surgimento dessa forma coletiva de fazer negócio. Foi na Inglaterra, em 1844, que surgiu a primeira cooperativa moderna. Ela foi a solução encontrada por esse grupo de trabalhadores que estavam com dificuldades para adquirir itens básicos em função dos altos preços. Juntos, eles decidiram se unir para conseguir melhores condições nas compras e montaram seu próprio armazém.
O pioneirismo não se resumiu apenas à forma de se organizarem, mas também na compreensão de que essa era uma solução viável para todos, homens e mulheres. E foi na figura de Eliza, a primeira mulher cooperativista moderna, que isso se concretizou. Ela desempenhou papel ativo na promoção dos ideais cooperativistas e na mobilização da comunidade local para aumentar a adesão ao seu empreendimento.
Brierley ajudou a construir as bases do cooperativismo que conhecemos hoje e a estabelecer o que seria o embrião dos sete princípios que foram formalmente consolidados mais de 100 anos depois, em 1995, no congresso da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). O primeiro desses princípios é a adesão livre e voluntária, que garante a não discriminação por gênero, classe, religião, orientação sexual ou ideologia quando se trata da associação a uma cooperativa.
Desde então, a presença de uma mulher entre os 28 tecelões que fundaram a primeira cooperativa ecoou no mundo, não apenas mantendo essa possibilidade ativa, mas promovendo um trabalho de integração do público feminino cada vez maior. Hoje, a equidade de gênero é uma das pautas trabalhadas pelo movimento. E várias iniciativas são colocadas em prática com esse foco.
Aqui no Espírito Santo, sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido nesse tema. Apesar disso, também já registramos muitos motivos para comemorar. Ano após ano, temos notado um número crescente de mulheres se tornando cooperadas. Elas também estão assumindo cada vez mais posições de liderança dentro do cooperativismo. E quando falamos de colaboradores, elas já ocupam 59,4% dos 11.500 postos de trabalhos mantidos pelo cooperativismo.
Se hoje podemos vivenciar o aumento da participação das mulheres no modelo de negócio, é preciso reconhecer o papel de antepassadas como Eliza Brierley, que abriram o caminho para que outras mulheres ocupassem esses espaços. E não temos dúvidas de que, se ela pudesse ver quantas outras cooperativistas surgiram depois dela, estaria orgulhosa do seu feito.