A mulher é um ser revolucionário
Artigo publicado no jornal A Tribuna desta quarta-feira
Em 8 de março de 1975 foi decretado pela ONU o Dia Internacional da Mulher, para que as lutas sociais, políticas e econômicas travadas por elas pudessem ter um ressignificado. Amargou a mulher séculos de racismo, preconceito, exclusão, violência, e todos os tipos de ironias e formas de submissão.
“As lutas em favor da vida e contra a morte não constituem um programa de salvação física, mas também, um projeto de exaltação do espírito. É uma das conquistas essenciais do mundo civilizado em oposição às trevas da opressão e da violência”. Esta afirmação é de Clarice Lispector, uma extraordinária escritora e pensadora que colocou a mulher brasileira em primeiro lugar na criação literária e na defesa ao direito dessa mesma mulher.
Exaltar o espírito deveria ser a grande obra de construção social do ser humano. Mas o homem permitiu a si extraviar-se. Ao relegar ao plano secundário a exaltação do espírito, o homem concedeu-se a submissão material enquanto privilegiava sua condição de senhor da sociedade. Entre os prejuízos dessa exacerbação machista, coloca-se o esquecimento da mulher como ser de permanente importância em todos os sentidos de elaboração social.
A história da humanidade oferece-nos um curioso registro. Foi a Revolução Industrial quem promoveu a mulher como força útil a ocupar uma posição adequada à sua importância na sequência de fatos e iniciativas que elevam a mulher a uma posição, de acordo com seu perfil de ser humano a altura da imaginação e iniciativa de Deus, ao criá-la para ser a companheira do homem. Em si mesma, a mulher é ser revolucionário. A ela foi concedido pela natureza a missão biológica, única e extraordinária de germinar e criar um outro ser semelhante.
A mulher, portanto, é a própria terra, o ar, e todos os elementos que fazem de nós que nos denominamos seres humanos, o elemento definitivo na arquitetura elaborada pelo Criador. A mulher revolucionária não é apenas aquela exaltada na sua função de dar à luz a outro ser humano. Como ser revolucionário, ela compõe a história das revoluções da humanidade.
O povo francês disse não ao imperialismo que lhe impôs a miséria, com a presença maciça das mulheres nas ruas. O mais famoso quadro representativo da Revolução Francesa nos mostra uma mulher com a bandeira a frente do exército de famintos. A Revolução Socialista explodiu no coração da Rússia quando as donas de casa foram para as ruas dar os braços e as mãos aos homens, e ao formar um poderoso cordão de isolamento da capital russa, assumiu o poder. Não há parte da história do homem onde não se encontre a presença da mulher.
Vladimir Lenin já advertia os revolucionários russos quando escreveu no seu discurso de abril de 1917. “Enquanto as mulheres não forem chamadas a participar livremente da vida pública, em geral não poderá haver socialismo, nem se quer democracia integral e durável”.
Deixo aqui meus parabéns a todas as mulheres, em nome da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras.
NEUSA GLÓRIA SANTOS é presidente da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras