Colecionador: seu filho é um?
Coluna publicada neste sábado, no jornal A Tribuna
Há pessoas que têm o hábito de fazer coisas que lhes dão prazer. Umas gostam de livros, outras gostam de plantas. Há também aquelas que gostam de colecionar coisas. Quem não conhece alguém que coleciona objetos de lugares por onde viajou? E você, já colecionou ou coleciona alguma coisa? Qual o prazer que isso desperta em você?
Lembro-me na minha infância de colegas que colecionavam tampinhas de garrafas, caixa e fósforos, papéis de cigarros, pedras semipreciosas, moedas de outros países, papéis de cartas, selos e outras tantas coisas.
O álbum de figurinhas parece ser o mais comum e conhecido ainda hoje. Colecionar algo é um prazer em si porque se torna uma busca da outra peça ou objeto que vai aumentar e tornar mais belo e valioso o que se tem. O valor aqui agregado pode ser financeiro ou afetivo.
Procurar por uma peça que não se tem, perguntar às pessoas quem as têm, mostrar o que já se conseguiu na sua coleção dá um grande prazer ao colecionador. A satisfação em possuir aquilo e admirar o que se conquistou e poder mostrar e exibir sua coleção proporciona uma grande alegria.
Há pessoas que investem um bom dinheiro para conseguir os objetos que precisam para aumentar a sua coleção. Alguns dizem que é bobagem gastar e colecionar coisas que não vai usar, mas o valor considerado para um colecionador nem sempre passa pelo financeiro.
O valor de ter aqueles objetos é filtrado mais fortemente pelo aspecto emocional e sentimental que aquilo representa. A coleção em si é um uso que o indivíduo faz. O dinheiro que se gasta tem uma finalidade certa. Ter a atenção ocupada e tomada pelos objetos que se coleciona é extremamente saudável e prazeroso. É uma boa terapia mental.
A coleção é um divertimento, uma distração e uma ocupação. A maioria dos colecionadores começa de forma muito espontânea, sem planejamento. Quando menos se espera ele já se vê à procura de uma nova moeda, figurinha ou um selo diferente. Isso se torna necessário porque é prazeroso para o indivíduo.
Embora vivamos em tempos de extremo contato virtual, desenvolver no filho o hábito de colecionar coisas pode ser muito saudável.
A atenção passa a ficar focada mais no mundo real. Colecionar algo é bom em vários aspectos, do ponto de vista afetivo e emocional. É uma atividade estruturante do ponto de vista cognitivo porque pede organização e método.
É uma atividade afetiva porque ela incentiva a união de um indivíduo a outros, pela busca de novos elementos para a coleção ou pela exibição deles.
Experimente estimular seu filho a iniciar a coleção de alguma coisa. Nem sempre isso é uma atividade cara e dispendiosa. Colecionar algo é um hábito muito saudável que melhora a autoestima e a autoconfiança.
Será algo a mais na vida dele, além do computador, games e celulares. Esse hobby poderá melhorar a capacidade de interação do seu filho.
Espontaneamente ele começará a se relacionar mais intensamente com os colegas. Melhorará sua comunicação, timidez e se sentirá integrado a um grupo de colegas que o aceitam e acolhem por reciprocidade.