Precisamos reformar o turismo capixaba
Coluna foi publicada na terça-feira (13)
Como empresário do setor hoteleiro no Espírito Santo, é com preocupação que acompanho os desdobramentos da reforma tributária que avança no País.
Enquanto essa reforma promete simplificar o complexo sistema fiscal brasileiro, ela também apresenta desafios significativos para estados como o nosso, que está entre os mais afetados pela potencial perda de receitas.
De acordo com o estudo “Impactos redistributivos da reforma tributária: estimativas atualizadas” do Ipea, se a reforma tributária fosse aplicada hoje, sem período de transição e sem recursos compensatórios, o Espírito Santo enfrentaria uma perda de R$ 5 bilhões em arrecadação.
Nesse cenário, o turismo se destaca como o único caminho viável para manter serviços públicos, gerar empregos e impulsionar nossa economia.
No entanto, os dados atuais são alarmantes. O Indicador da Atividade Turística (Iatur) revela que os investimentos do governo não estão gerando o retorno esperado.
Desde 2022, o crescimento da atividade turística e da receita do setor no Espírito Santo vem diminuindo, em contraste com a tendência nacional.
Além disso, o aeroporto de Vitória, uma porta de entrada crucial para turistas, registrou uma queda na movimentação no primeiro semestre de 2024 em comparação a 2023. Ainda que a queda seja leve, ela já é motivo de preocupação.
A movimentação do mês de janeiro, tradicionalmente alta temporada, equiparou-se à de junho, destacando a necessidade urgente de monitoramento e intervenção por parte dos representantes do turismo.
Para enfrentar esses desafios, precisamos estabelecer metas claras de crescimento, como um aumento de no mínimo 15% ao ano na movimentação do aeroporto.
Esse crescimento não é apenas desejável, mas essencial para atingirmos a capacidade máxima de operação quando a reforma tributária entrar em vigor.
O Espírito Santo precisaria receber mais de 15 milhões de turistas anualmente, um aumento superior a 15% ao ano até a plena implementação da reforma tributária.
Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE reforçam essa necessidade.
No primeiro trimestre de 2024, as atividades turísticas no Espírito Santo registraram uma variação negativa de -0,8% em comparação ao trimestre anterior, enquanto o Brasil e o Sudeste apresentaram decréscimos menores.
Comparado ao mesmo período do ano anterior, o Estado teve uma variação negativa de -11,1%, contrastando com o crescimento nacional.
Embora a receita turística acumulada nos últimos quatro trimestres tenha crescido 4,6%, essa taxa é inferior à média nacional e regional, e reflete mais o aumento de preços do que um verdadeiro aumento de volume de atividade turística.
Diante desse cenário, é urgente uma reavaliação das estratégias de ações e dos investimentos em turismo no Espírito Santo. Precisamos reavaliar as políticas públicas que promovam o turismo, priorizando a diversificação das atividades turísticas em regiões que tenham capacidade para receber o volume necessário e isto passa por investimentos pesados na promoção nacional e internacional do Estado.
O turismo é mais do que uma alternativa; é uma necessidade estratégica para garantir o desenvolvimento econômico e social do Espírito Santo em tempos de mudança tributária.
Devemos agir agora, com visão e determinação, para reformar nosso turismo capixaba e garantir um futuro próspero para todos.