Vida pessoal e profissional
Confira a coluna desta quinta-feira (27)
Quando você se apresenta, normalmente você fala seu nome e diz 'eu faço tal coisa'! Tipo 'eu sou a Sátina Pimenta e eu sou psicóloga'. Teoricamente estamos dizendo que possuímos dois modus operantes na vida: o pessoal e o profissional. Dito isto, vamos lá!
Recentemente, ao assistir à série “Ruptura” da Apple TV, fui tomada por uma reflexão profunda sobre a complexa relação entre nossa vida pessoal e profissional.
A trama da série explora como personagens enfrentam conflitos internos e externos ao tentar separar esses dois universos.
Ao mesmo tempo em que a série me faz questionar a viabilidade de separar esses dois mundos, afinal, tem dias que eu queria esquecer do meu trabalho e tem dias que eu me afundo em meu trabalho para esquece minha vida pessoal (quem nunca?!).
Percebo que o reconhecimento pleno – tanto no ambiente profissional quanto no pessoal – é essencial para nossa integridade.
Muitas vezes, nos vemos desamparadas, sem o devido reconhecimento em nenhum dos espaços, o que agrava os riscos, favorecendo o surgimento do adoecimento.
Hoje, participo de um congresso de saúde mental em São Paulo, chamado Vittude Summit, onde discutiram os riscos psicossociais no trabalho e a atualização da NR1 que fala sobre como as empresas deverão atuar sobre os mesmos.
Lá levantaram o debate sobre a série e sobre o tema, o que me deixou muito feliz! Afinal, eu não estava sozinha nos meus devaneios!
O que compreendi, é que ao mesmo tempo em que a série nos faz questionar a viabilidade de separar esses dois mundos, também nos faz perceber que o reconhecimento pleno – tanto no ambiente profissional quanto no pessoal – é essencial para nossa integridade.
Ratifiquei minha percepção com a publicação na renomada revista Psychology Today, onde especialistas destacaram que narrativas como as da série evidenciam a urgência de cuidarmos integralmente do ser humano, reconhecendo que o ambiente de trabalho pode ser tanto fonte de realização quanto de adoecimento.
Essa visão dialoga com a Teoria da Autodeterminação, que postula que a motivação intrínseca e o bem-estar resultam da satisfação de necessidades psicológicas fundamentais – algo imprescindível tanto na vida pessoal quanto profissional.
Ainda neste congresso tive o prazer de assistir a palestra do médico, advogado e professor Marcos Mendanha, que destacou como um ambiente de trabalho saudável pode mitigar os impactos negativos do estresse e impulsionar o bem-estar geral.
O mesmo trouxe dados estatísticos e científicos, através de artigos internacionalmente publicados, que desmistificam o trabalho como um monstro a ser combatido.
Segundo ele, quando os colaboradores encontram sentido em suas atividades, o trabalho deixa de ser um fator de desgaste e passa a contribuir para a nossa realização pessoal.
Essa reflexão me leva a crer que não podemos – nem devemos – separar a vida pessoal da profissional.
Ao contrário, é na integração desses espaços que encontramos a verdadeira possibilidade de evolução como sujeitos completos que somos. Não é??
MATÉRIAS RELACIONADAS:



