Sobreviver ao Natal: Eu também briguei, tá?
Leia a coluna desta quinta-feira (26)
O Natal passou, e aqui estou eu, meio rindo, meio refletindo, porque – confesso – também entrei para o clube de quem brigou na ceia. Parece que o peru nem esfriou, e lá estava eu naquele clássico embate familiar.
É impressionante: como é que uma data que deveria ser sobre união e paz consegue puxar tanto os nossos gatilhos? E olha, nem posso dizer que não esperava. Como Murray Bowen, da Teoria Sistêmica Familiar, já dizia, a família é um sistema interligado em que tudo que acontece com uma pessoa ecoa no resto.
Então, quando a gente senta à mesa, leva junto as diferenças, os rancores acumulados e aquele desejo secreto de que esse ano vai ser diferente. E, bom… nunca é. No meu caso, tudo começou com as escolhas – quem vai passar onde, com quem, quem leva o quê. Parece simples, mas não é.
Cada decisão que tomamos dentro de uma família parece um manifesto pessoal. “Ah, foi passar com a família do marido?” – Alguém sempre tem algo a dizer.
E o Natal, com sua aura de tradições inquestionáveis, amplifica isso tudo. A minha briga? Veio daquele jeitinho clássico: um comentário fora de hora, uma resposta atravessada, e pronto, o tombo da harmonia.
E aí, no meio da confusão, me peguei pensando: por que a gente faz isso todo ano? A resposta é simples: convivemos tão pouco durante o ano que, quando chega o Natal, todo mundo quer resolver a vida ali, entre o peru e a sobremesa.
Mas quer saber? O que me ajudou a não carregar esse climão pra frente foi lembrar que essas brigas são só sintomas do sistema em ação.
Como Bowen diz, a gente só muda a dinâmica familiar quando se coloca de forma clara e autêntica – não só no Natal, mas durante o ano todo.
Ou seja, precisamos aprender a ser sinceros sobre quem somos, o que queremos e, principalmente, sobre os limites que precisamos colocar. Então, se você brigou também, tá tudo bem.
Não é o fim do mundo. O que importa é o que você vai fazer agora. Talvez seja a hora de mandar uma mensagem, marcar um café ou só refletir sobre o que aquela briga te ensinou sobre você e sua família.
No próximo Natal, ninguém vai ser perfeito. Mas quem sabe a gente consiga transformar aquele “climão” em algo mais leve – ou, pelo menos, em uma piada boa para o ano que vem.