Bolsonaro rifa Pazuello e amplia crise na Saúde
Qualquer que seja o desfecho do impasse no Ministério da Saúde, a fritura de Eduardo Pazuello trouxe às claras as articulações de aliados de Jair Bolsonaro para tirar o presidente do modo negacionista. Com recordes de mortes e colapso dos sistemas de saúde, os apelos, que vão dos militares (quem diria) ao Centrão, indicam que a crise deve se agravar.
Do ponto de vista político, a "sacolejada" também veio de adversários eleitorais de Bolsonaro: tucanos se uniram, como mostrou a Coluna, Lula subiu no palanque e até Luciano Huck saiu da toca.
Incompetência... Respingos do óleo quente bolsonarista chamuscaram a médica Ludhmila Hajjar, defendida publicamente por Arthur Lira: apoiadores do presidente encontraram material dela falando verdades sobre a pandemia no País.
...ou estratégia? Há quem veja no movimento o "boi de piranha": jogar Ludhmila às feras para passar adiante o nome de Dr. Luizinho (PP-RJ), "guru" da Câmara para a covid-19.
CLICK. O ministro João Roma prometeu a Tarcísio Freitas um pedaço do "famoso" requeijão de Santa Bárbara (BA) como agradecimento pela duplicação da BR116.
Régua. A avaliação geral é uma: Pazuello perdeu o pulso da crise por ter tentando tocar a Saúde sob a ótica negacionista do chefe.
Óleo quente. A fritura de Pazuello, articulada por líderes do Congresso, conforme revelado pela Coluna, retira condições de o ministro permanecer no cargo (que ele ocupava até o fechamento desta edição).
Será? Os secretários estaduais, porém, avaliam: a médica Ludhmila Hajjar, que chegou a se reunir com Bolsonaro, pode repetir problemas da gestão Nelson Teich: pouco conhecimento do SUS em hora crucial.
Ele, sim. Por isso, preferem Luizinho: além de médico, é gestor público, conhece o SUS, e tem bom trânsito no governo federal, no Congresso e nos Estados.
Me diz. Os gestores estaduais também temem mais enrosco na compra de vacinas. Porém, nesse caso, cabe a pergunta: e com Pazuello à frente das negociações a coisa vai bem?
Vixe. Aliás, os constantes recuos do ministro no calendário da vacinação seriam a principal fonte de desgaste do ministro com o chefe Jair Bolsonaro.
Sócios... Se por um lado, os militares chamam Bolsonaro à razão, por outro, participaram ativamente da pior gestão da pandemia, com Eduardo Pazuello.
...na crise. O general Pazuello bateu o pé e não foi para a reserva. Especialista em logística, entrou para organizar a casa, mas deve deixará a bagunça total.
Frente... O deputado Celso Sabino (PA) e o senador Roberto Rocha (MA), mais alinhados a Bolsonaro, devem deixar o PSDB. Alvo de representação no Conselho de Ética do partido por apoiar Lira na eleição da Câmara, Sabino pediu desfiliação ao TSE.
… ampla? A saída de Rocha do PSDB abriu caminho para o vice-governador de Flávio Dino (PCdo-B), Carlos Brandão, voltar ao partido. Eduardo Leite (PSDB-RS) celebrou: "Decisão correta apoiar governador que dialoga, respeita as diferenças e trabalha pela vacina contra injustiças".
O ministro tá on. Cresceu ainda mais o cacife de Gilmar Mendes após enfrentamento dele com Ernesto Araújo. Prova de coragem.
Pronto, falei!
"A responsabilidade maior é do governo. Como eles dizem gostar da bíblia: 'A quem muito foi dado, muito será pedido'”
Felipe Salto, economista sobre as mortes por Covid-19 no País.