Tempo médio de casamento cai de 15 para 12 anos

Levantamento é do IBGE no Estado. Divórcios têm ocorrido cada vez mais cedo ao analisar casos de 2010 e de 2020

Jaciele Simoura, do jornal A Tribuna | 26/02/2022, 13:38 13:38 h | Atualizado em 26/02/2022, 13:39

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/110000/372x236/inline_00111895_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F110000%2Finline_00111895_00.jpg%3Fxid%3D298805&xid=298805 600w, sexóloga e terapeuta de casal Sirleide Stinguel: comunicação é um dos segredos para uma união mais duradoura
 

Os capixabas estão ficando cada vez menos tempo casados, segundo dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em uma década, o tempo médio de união caiu três anos. 

Em 2010, a média de tempo entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio no Estado era de 15,9 anos. Já em 2020, a duração diminuiu para 12,5 anos.

A maioria (53,4%) dos divórcios já ocorre antes do casamento completar 10 anos. 

Nem mesmo os casamentos mais longos têm resistido ao tempo. No Estado, entre 2019 e 2020, foram 3.753 matrimônios que terminaram em divórcio após mais de 20 anos de união.

 Desgaste

As razões para o fim de um casamento são inúmeras, de acordo com especialistas. Mas, no geral, eles chegam à mesma conclusão: desgaste. 

“E o desgaste para cada casal vem de fatores  diversos, como incompatibilidades não resolvidas, expectativas não atendidas, falta de respeito à individualidade, cobranças excessivas e o não cuidado com o romance”, comentou a psicóloga e terapeuta de casais, Marcelle Paganini.

Para o psicólogo e psicoterapeuta Gerson Abarca, com a rotina do cotidiano, questões profissionais, financeiras e filhos, o vínculo criado para se manter o casamento acaba se perdendo. Com isso, um casamento de 20 anos corre mais risco de terminar, segundo o especialista.

“Atualmente, os casais não estão mais tendendo a ficar juntos só porque estão casados há 20 anos. Há uma tendência, diante de conflitos e dificuldades, vendo que o relacionamento não está avançando, de optarem pelo fim do relacionamento”, ressaltou.

Mas, se o relacionamento não vai bem, deve-se insistir ou desistir? Para os especialistas, essa é uma questão que deve ser pensada de forma mais calma. Eles indicam terapia de casal para tentar entender os conflitos e apontar se não há como salvar o casamento.

“O segredo para um casamento mais duradouro e saudável é a comunicação. Colocar sempre para fora o que está sentindo. Buscar acolher o outro. Ouvir a dor do próximo. Isso te aproxima do outro”, disse a sexóloga e terapeuta de casal, Sirleide Stinguel.

“Hoje não se aceita tudo em nome do amor”, diz psicóloga

A ideia de um casamento que dura “para sempre” mudou, segundo especialistas. E, com isso, os casais tendem a não aceitar mais tudo para continuar nas relações.

“Uma questão importante é o acesso à informação. Hoje, não se aceita tudo em nome do amor”, explicou a psicóloga e terapeuta de casais, Marcelle Paganini.

De acordo com o psicólogo e psicoterapeuta Gerson Abarca, a durabilidade dos casamentos tem diminuído porque a sociedade está com novos referenciais constitucionais familiares. 

“O casamento tradicional não convenceu as pessoas de que casar bem faz a pessoa feliz. Casar bem faz a pessoa feliz, mas não é tudo. Essa abertura de homens e mulheres trabalhando vai abrindo a percepção de novas realidades”, disse o especialista.

A sexóloga e terapeuta de casais, Sirleide Stinguel, conta que o sexo tem sido um fator predominante, sendo um termômetro para os relacionamentos. 

“Se não está bom, é porque talvez o relacionamento também não esteja bom. A questão sexual vem mostrar o que não está bom”, disse a especialista.

Como manter um casamento

Para manter o casamento e fazer a união durar mais tempo, o principal, de acordo com especialistas, é o respeito à própria individualidade. 

Não se esqueça dos gostos e sonhos e continue a buscá-los, agora em companhia.  

Muitos casais se perdem, esquecem dos seus gostos pessoais para caber no do cônjuge, e passam a viver pelo outro. 

Estar junto é importante, mas estar sozinho e ter outras rodas de convivência traz “oxigênio” para o relacionamento, tornando ele mais interessante e leve.

Crie uma história de vínculo amoroso que se estabelece em uma troca. 

Conheça o outro e aprender a ouvir as dores, preocupações e inseguranças.

Quando o conflito é intenso e o casal não consegue sentar e identificar os motivos do conflito, o indicado é procurar uma terapia de casal.

Além disso, buscar sair da rotina e fazer coisas diferentes com o parceiro.

A questão sexual fala muito sobre a saúde do casal. Por ser a área de maior sensibilidade, principalmente em um relacionamento duradouro, ela vem mostrar o que não está bom na relação. 

Ou seja, os problemas sexuais raramente são de origem sexual, são apenas reflexos de alguma dinâmica disfuncional do casal.

Reconheça, no outro, as características e qualidades do parceiro. Valide, com amorosidade, o seu jeito de ser, a personalidade.


SAIBA MAIS


Números

No Espírito Santo, em 2010, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio era de 15,9 anos. 

Já em 2020, a duração do casamento diminuiu para 12,5 anos, em média. A maioria (53,4%) dos divórcios em 2020 ocorreu antes de 10 anos da data do casamento.

O Estado registrou em dois anos (2019 e 2020) 3.753 divórcios de casais que estavam há mais de 20 anos casados.

Foram 2.355 em 2019 e 1.398 no ano seguinte. 

Os números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 18 e fazem parte das Estatísticas do Registro Civil.

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