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Cidades

Primeira escola só de mulheres do ES faz 90 anos

Colégio Maria Mattos foi construído pelas irmãs Carmelitas, em Anchieta. A prefeitura comprou o local, vai reformar e fazer museu


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Imagem ilustrativa da imagem Primeira escola só de mulheres do ES faz 90 anos
Colégio Maria Mattos |  Foto: roberta bourguignon

A construção com vista para o mar de Anchieta, no Sul do Estado, guarda histórias e memórias dos 90 anos da primeira escola só de mulheres no Espírito Santo. O Colégio Maria Mattos, fundado e comandado por freiras, as irmãs Carmelitas, formava todas as mulheres como professoras, o conhecido magistério. 

Amelia Magnago de Oliveira, aos 82 anos, lembra com carinho de cada cantinho e se orgulha ao dizer que lá foi sua única escola. 

“Meus pais moravam no interior, e para os filhos estudarem aqui, os pais tinham de trabalhar muito. No início, eu estudava no período menor, de 4 horas por dia. Depois passei a ser interna, e lá virou a minha casa. Entrei aqui com 10 anos e saí jovem, formada, como professora”, conta ela. 

Maria Mattos era uma escola particular, construída pela Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência, e leva o nome da mãe do padre e bispo católico, Dom Helvécio Gomes de Oliveira, que doou as terras para as freiras construírem a escola com sua ajuda. 

Antes da obra, as  irmãs Carmelitas  iniciaram o projeto do colégio em janeiro de 1932 e em março  começaram seus trabalhos escolares tendo  35 alunos. Mas a construção foi concluída só em 1933.

Alunas de todas as partes do Brasil iam estudar no Maria Mattos.

“Dom Helvécio queria que os anchietenses tivessem um colégio para estudar, evitando  que a população percorresse grandes distâncias”, conta o secretário municipal de governo, Flávio Simões, 50, que estudou na instituição mais tarde, quando abriu espaço para homens, em 1988. Dez anos depois, a escola das irmãs fechou.

Há um mês, a prefeitura de Anchieta oficializou a aquisição da estrutura e anunciou que vai restaurá-lo para ser sede do governo municipal, além de museu.

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Amelia Magnago de Oliveira, 82, estudou no Maria Mattos desde a infância e lá se formou como professora |  Foto: roberta bourguignon

“Aqui eu aprendi todos os valores que levo comigo”

Aos 82 anos, dona Amelia Magnago de Oliveira recorda o tempo que passou no Colégio Maria Mattos’, dos 10 aos 20 anos de idade, e declara com orgulho: “aprendi todos os valores que levo comigo”.

 “Considero como meu segundo lar porque foi minha única escola. A educação era muito diferente. Sentíamos saudades de casa, mas éramos como uma grande família”. 

No dia a dia no internato, quando a aula acabava as alunas que eram externas iam embora e as internas subiam para o dormitório para trocar de roupa. 

“Trocávamos a blusa comprida por uma manga curta, mas continuávamos de saia. A saia de prega  dormia embaixo do colchão para ficar passadinha”, conta  Amelia. 

Cada dormitório tinha uma freira que acordava todas as meninas com um sino. As alunas iam para a igreja, pois todo dia tinha missa.

Após o café da manhã,  as alunas ouviam o sino para formar a fila e ir para a sala de aula. 

“Aqui estudavam moças do Estado, de Minas Gerais, São Paulo, entre outros lugares do País. Era um colégio muito famoso. Quando os pais vinham visitar as filhas, tinha o hotel onde  ficavam. Eles buscavam as filhas para passar o dia na cidade e, no final do dia, entregavam de volta na escola. Não era com frequência, mas sempre esperávamos esse momento”.

Amelia também  relembra os castigos da época. Ela conta que elas não podiam receber cartas. 

“O castigo era escrever uma frase  várias vezes. A frase normalmente era: 'devo obedecer à voz de Deus'. Os castigos também eram por nos atrasar. Mas era uma época tão boa, que isso era até divertido”.

História vai ser preservada

Após 90 anos de história, o Colégio Maria Mattos, em uma negociação amigável com a Congregação das Irmãs Carmelitas da Divina Providência,  agora pertence à municipalidade, que almeja restaurar o prédio para transformar na sede do governo municipal, além de museu e memorial da escola.

O Maria Mattos chegou a abrigar uma escola estadual, que se tornou municipal, sempre pagando aluguel para as irmãs Carmelitas. No entanto, sem manutenção na estrutura, acabou se deteriorando, e tendo de fechar em 2006.

 Em 2019 o município procurou as irmãs, e no último mês, adquiriu a escola por pouco mais de R$ 5 milhões. “É uma escola que tem um valor cultural e sentimental  para o município. Ali vai ser uma sede solene do município. Teremos um 'Palácio Anchieta'”, explica Flávio Simões, secretário municipal de Governo.

“A escola Maria Mattos tem sua marca indelével na história e no coração da  Congregação Carmelita da Divina Providência”, afirma a irmã Teresa Cristina Carvalho. 

Ela ressalta a importância da escola. “Por mais de seis décadas, a escola foi o meio privilegiado de nossa missão educativa cristã em terras capixabas, influenciando na formação de várias gerações, tornando-se também marca da educação no Espírito Santo. Creio que com o 'Maria Mattos', semeamos a boa semente do Reino de Deus, sob as bênçãos de Nossa Senhora do Carmo”, declara a irmã.

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