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O que eu vi e vivi: “Não reconheci os alunos após pandemia”

A professora e escritora Ester Abreu Vieira de Oliveira, de 90 anos, sendo 73 deles dedicados às salas de aula, já publicou cerca de 500 livros


Imagem ilustrativa da imagem O que eu vi e vivi: “Não  reconheci os alunos após pandemia”
A professora e escritora Ester Abreu Vieira de Oliveira, de 90 anos, sendo 73 deles dedicados às salas de aula, já publicou cerca de 500 livros |  Foto: Gustavo Forattini/AT

“Ser professor é, sem dúvida, um prestígio, embora seja um ofício desafiador no Brasil. Ao longo da vida, publiquei cerca de 500 livros, e posso dizer que a literatura é capaz de manter nosso olhar carregado de sensibilidade e de esperança. Com a escrita, realizei todos os meus sonhos.


Meu interesse pela escrita e pela leitura é de infância. Meu pai costumava declamar poesias e minha mãe era professora do primário. Lembro que, aos 14 anos, escrevi uma poesia e mostrei para o meu pai. Ele me disse que ficou horrível e, depois daquele momento, só voltei a escrever poesia quando fui para a Espanha, após me formar.

Estudar sempre foi um sonho. Tanto que me formei na primeira turma de licenciatura em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 1960. Como disse, a leitura e a escrita abrem horizontes para a imaginação.

Novas gerações
Vejo muitas críticas à falta de hábito de leitura das novas gerações e, em parte, discordo delas. Os jovens leem muito nos celulares, porém, são textos menores e com imagens. É verdade, sim, que eles estão mais afastados da literatura, mas é fato, também, que falta incentivo à escrita e à leitura.

A escola hoje é muito diferente daquela que lecionei entre 1952 e 1964. Percebo que os professores não abordam apenas o conteúdo específico de cada disciplina. As exigências educacionais e programáticas são outras.

Transformações
Entre tantas transformações, não posso deixar de mencionar um momento recente: acredito que a pandemia foi o momento mais desafiador para os professores. Depois de 73 anos de carreira, não reconheci mais os alunos no retorno ao ensino presencial, após a pandemia.

Nós, professoras e professores, precisamos de contato, de ver a expressão corporal dos alunos. Olhar os ‘rostinhos’ nas telas não é suficiente.
Naqueles anos de ensino remoto, tive de aprender a usar o computador. A vantagem é que, hoje, converso por vídeo com colegas da Europa e da América inteira.

Repressão
Embora a pandemia tenha exigido muito dos professores, a ditadura civil-militar de 1964 – outro momento marcante que vivi – foi o pior momento para estar em sala de aula.

Lembro-me de assistir à censura nas escolas, do medo de se trabalhar alguns livros em sala de aula e de amigos que sofreram. A redemocratização, em 1985, resgatou a esperança na educação.

Desafios
A vida nos traz diversos desafios. Até hoje, por exemplo, me emociono ao lembrar da perda do meu marido, que morreu em um acidente de carro, em 2005. Tivemos 49 anos de relacionamento.

Por outro lado, construímos uma família linda e já tenho até trisnetos. Quando todos estão em casa, é uma alegria indescritível.

Como lição de vida, acho que posso dizer que a tristeza deve ser uma experiência rápida. Não devemos focar tanto nela. A vida, apesar de tudo, é repleta de alegrias”.

Depoimento dado ao repórter Jonathas Gomes.

PERFIL

Ester Abreu Vieira de Oliveira, 90 anos, é escritora e professora emérita da Ufes. Formada em Letras Neolatinas, em 1960, a professora mantém suas atividades como voluntária na universidade, atuando em pesquisas na área de Estudos Literários no mestrado e doutorado em Letras.

Em janeiro de 2020, assumiu a presidência da Academia Espírito-Santense de Letras. A professora possui vasta obra, com mais de 500 publicações, com destaque para os livros “Estudio de verbos españoles” e “O mito de Don Juan e sua relação com Eros e Tanathos”.

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