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Kleber Galvêas: “Fiz quadro com 1º asfalto de avenida de Vila Velha”

Artista plástico, de 76 anos, fala sobre a importância da arte também como forma de protesto


Imagem ilustrativa da imagem Kleber Galvêas: “Fiz quadro com 1º asfalto de avenida de Vila Velha”
Kleber Galvêas mostra quadro feito com pó de minério e com o primeiro asfalto da avenida Champagnat |  Foto: Leone Iglesias/AT

“Quando vim morar em Vila Velha, aos sete anos, a região da Prainha havia sido o mais belo cenário que eu já tinha visto. Foi aquela vista do mar e das montanhas, com o Convento da Penha, que inspirou alguns dos maiores artistas capixabas.

Este ano, completo 58 anos de dedicação ao trabalho artístico, mas o caminho para construir a carreira teve alguns desvios.

Nasci em Dores do Rio Preto, bem na divisa com Minas Gerais, e morei em diversas cidades brasileiras. Meu pai era médico sanitarista e minha mãe era professora, mas foi aluna da pintora irmã Tereza, na Escola do Carmo, e, por isso, sempre pintou quadros. Foi dela que herdei a paixão pela pintura.

Me formei em Economia, cheguei a estudar Medicina e, depois, fiz licenciatura em Ciências. Embora tenha feito tudo isso, ainda novo, sentia meu coração pulsar pela arte, pelos quadros e pela pintura.

Meu trabalho artístico me levou a diferentes lugares e me deu um novo olhar para o entendimento da realidade social.

Instrumento político

A arte sempre permitiu um teor de protesto contra as desigualdades e o abuso de poder na sociedade. Lembro-me que, em 1966, vi a primeira asfaltagem de uma rua em Vila Velha, a conhecida avenida Champagnat, na Praia da Costa. Na época, aquele momento significava um marco para a urbanização da cidade.

O problema é que o material utilizado era de tão baixa qualidade que, conforme os carros passavam, o asfalto era arremessado contra as pessoas como se fosse lama em um dia de chuva.

Foi então que eu me despertei sobre como poderia me posicionar: fiz um quadro com o primeiro asfalto de avenida de Vila Velha.

Essa é uma das obras que mais me orgulho de todo o acervo. Quem vê a Praia da Costa hoje não imagina a luta e os problemas para a construção de uma urbanização no bairro.

Lá, talvez, seja o lugar mais verticalizado de Vila Velha, e eu não sou contra isso. Agora, porém, há uma falta de praças e espaços verdes para os moradores.

Nós, artistas da Barra do Jucu, sempre fomos posicionados. Quando estudamos Artes, aprendemos a trabalhar com materiais finos, muito utilizados pelas escolas europeias. O segredo para a durabilidade do meu acervo, considerando a umidade, a maresia e o calor da região em que moro, é saber adaptar a criação artística aos materiais mais resistentes.

Em vez de tecido, muitas vezes, utilizo madeira e, até mesmo, materiais de lojas de construção. Isso também é um ato político.

Em 1996, fiz quadros utilizando o pó de minério acumulado por semanas em minha casa, por exemplo. Depois, quando houve a privatização da empresa mineradora, fiz outro quadro para mostrar que o problema ainda existia e, por conta do aumento da atividade produtiva, era até pior.

Ao olhar o presente em perspectiva ao que vivi, acredito que estamos perdendo esse teor político na arte. Até hoje, porém, ser artista não é fácil. Tanto que, embora eu estivesse imerso pela arte durante a infância e a adolescência, sempre acabei buscando outros caminhos. Quando algo é predestinado, contudo, não adianta fugir.

Futuro

A arte é uma expressão cultural e o registro da memória de um povo. Essa memória se mantém viva quando valorizamos a produção artística. Hoje, luto pela criação de um centro cultural na Barra do Jucu. Somos um pequeno balneário, mas, aqui, temos artistas, eventos tradicionais e manifestações riquíssimas da cultura capixaba. É nas representações artísticas da Barra do Jucu que compreendemos a nossa identidade.

Para o futuro, precisamos expandir os museus, os teatros, as galerias e outros espaços artísticos no Estado, com valorização da produção local e da cultura popular. Este não é um projeto individualizado: é para toda a sociedade capixaba”.

Quem é

Kleber Galvêas, de 76 anos, é um dos mais renomados pintores do Espírito Santo. É também economista e professor de Ciências.

Em 1962, o artista passou a frequentar o ateliê de Homero Massena e acompanhou o mestre até sua morte, em 1974.

Estudou gravura em metal na Sociedade Nacional dos Gravadores Portugueses, e arte abstrata com o artista português Peniche Galveias.

Participou, em 1966, do 1º Salão Nacional de Artes Plásticas do Espírito Santo e expôs com Massena na cobertura do Torium Hotel de Guarapari.

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