Moradores de rua acampam com barracas em Vila Velha
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Desde o início da pandemia da covid-19, bairros do município de Vila Velha observaram o número de pessoas que moram nas ruas aumentar e tomar conta da porta de comércio, de praças e de outras áreas públicas. Muitos deles chegam a acampar com barracas e cães.

Os moradores de Itapuã afirmam que alguns moradores de rua cometem roubos na região. A praça do conjunto Beira-Mar, no cruzamento da avenida Fortaleza com a Belém, foi tomada por moradores de rua durante a pandemia.
Segundo contam moradores do bairro, essas pessoas usam drogas e fazem sexo ao ar livre, além de fazerem necessidades fisiológicas na praça.

Uma moradora, que não quis se identificar, de 63 anos, relatou que, em várias noites, escuta briga e gritaria dos moradores que ficam na praça. Ela disse que se sente insegura, pois muitos costumam ser agressivos e ameaçam os cidadãos.
“Meu filho chegava da faculdade à noite e eu não conseguia dormir enquanto ele não estivesse dentro de casa. Antes, a gente podia usar a pracinha para passar um tempo livre, agora nem isso, além do mau cheiro, pois muitos urinam ali”, comentou a moradora.
Um chaveiro, que trabalha próximo à praça, precisou construir um cercadinho em volta da banca de trabalho, pois os moradores usavam o local para fazer as necessidades fisiológicas.
A situação se repete em outros bairros do município e debaixo da Terceira Ponte, na região da Praia da Costa. De acordo com testemunhas, em alguns locais, os moradores de rua costumam ser agressivos com quem passa em via pública, fazendo ameaças com garrafas de vidros e facões.
“Tinha uma feira de música que acontecia todos os finais de semana. Hoje já não tem, porque eles tomaram conta da praça”, comentou um empresário, de 32 anos, que não quis se identificar,
O presidente da Associação de Moradores de Itapuã, Antônio Soares, disse que o morador de rua é um grande desafio para a cidade. Segundo Antônio, muitos provocam arrombamentos a comércios e residências.
“Estão destruindo praças, jardins. Vão acampar em qualquer lugar. Nós em Vila Velha estamos passando sufoco. Precisamos que o serviço social faça seu trabalho”.
Ajuda

Há 8 anos morando em Itapuã, o empresário do ramo de imóveis, Carlos Rubens Cerqueira, 50 anos, viu a praça do conjunto Beira-Mar, no cruzamento da avenida Fortaleza com a avenida Belém, ser tomada por moradores de rua desde o início da pandemia.
“Os órgãos públicos têm que tomar decisões e fazer algo em respeito a esses moradores. Muitos são usuários de drogas. Precisam de ajuda para terem de volta sua dignidade e morar em um local adequado”, afirmou o empresário.
“Cenas de sexo durante o dia”

O comerciante Alexsandro Porto, de 39 anos, comenta que durante a noite, os moradores de rua costumam fazer bagunça e gritar, não deixando a população dormir.
“Os clientes reclamam constantemente. Além disso, aumentaram muito os assaltos quando eles vieram para cá. Usam drogas, bebidas alcoólicas e há cenas de sexo durante o dia”, disse o comerciante.
Outro lado
Abordagem todos os dias
A Secretaria de Assistência Social (Semas) da Prefeitura de Vila Velha informou que realiza abordagem todos os dias em diversos pontos da cidade, com a Equipe Especializada de Abordagem Social. Ressaltou ainda que é realizado um trabalho de convencimento com as pessoas em situação de rua para aceitarem os serviços que são ofertados pelo município.
De acordo com a prefeitura, o município oferta atendimento psicossocial e supre a necessidade básica de uma pessoa em situação de rua com alimentação e higienização no Centro Pop, localizado no bairro Divino Espírito Santo, onde são ofertadas quatro refeições diárias: café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.
No Centro Pop também é possível realizar a higiene pessoal, seguindo todos os protocolos sanitários de prevenção da covid-19.
A prefeitura informou ainda que iniciou, recentemente, o projeto Centro Pop Itinerante, ampliando os serviços para as regiões da cidade. O bairro Itapuã já foi atendido e agora a unidade móvel estará no Centro.
O Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas) trabalha 12 horas por dia, todos os dias da semana, e atende pelo telefone de plantão: 99717-5012, pelo qual a população pode ligar e acionar o serviço.
A Semas informou ainda que oferece outros dois abrigos: João Calvino, no bairro Divino Espírito Santo, e o Bom Samaritano, localizado no bairro Santa Rita.
“A população pode entrar em contato pelo telefone do plantão do serviço de abordagem social e solicitar uma equipe no local que fará orientação e encaminhamento para os serviços e equipamentos públicos já citados.”
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