Jovem fica ferido no pescoço por “linha chilena”
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Um jovem de 19 anos ainda se recupera do susto, depois de ter o pescoço cortado por uma linha de pipa chilena na volta para casa, em Guarapari. Lucas Oliveira Brandão seguia de moto, pelo bairro Perocão, quando a linha enrolou no pescoço dele. Ao tentar tirar a linha com a mão, Lucas teve o dedo cortado.
“Foi um susto enorme. A linha estava atravessada na rua, agarrada em uma árvore e no telhado de uma casa. Eu realmente não vi, e apenas senti o corte”, lembrou.
Ao ver o dedo e o pescoço sangrando, Lucas disse que não teve outra alternativa, a não ser ir deitando a moto no chão para pedir ajuda. Funcionários de um supermercado ajudaram a socorrê-lo.
“O pessoal do supermercado veio me ajudar. Fui para o hospital no carro de um dos funcionários. No caminho falei com minha mãe, que também seguiu para o hospital. No começo foi bem desesperador mesmo. Mas graças a Deus deu tudo certo”, comentou o jovem.
Lucas levou três pontos no pescoço e um no dedo. Ele acredita que, se não tivesse em baixa velocidade, poderia ter morrido.
“Sorte que eu estava devagar, ou seria pior. Os médicos disseram que se tivesse pego na jugular, eu teria perdido muito sangue e poderia ter morrido”, contou ele.
A linha chilena tem um poder de corte quatro vezes maior do que o cerol, e transforma a simples brincadeira de soltar pipa em um verdadeiro perigo, segundo bombeiros, principalmente para os motociclistas.
Esse tipo de linha pode cortar fiações elétricas e até metais. No Estado, a fabricação e comercialização de cerol ou qualquer produto semelhante para linhas de pipa é proibido por meio da Lei Nº 8.092/2005.
Se recuperando em casa, depois do incidente na segunda-feira, o jovem disse que o trauma é grande pelo fato de não conseguir visualizar a linha na rua, e o medo de encontrar outra é maior ainda.
“A gente fica traumatizado de andar de moto. Nunca tinha acontecido isso comigo, mas pode acontecer de novo. Aqui em casa, a gente nunca pensou em colocar aquelas antenas na moto, como forma de proteção. Mas depois disso, já estamos procurando como colocar”.
Médico alerta que brincadeira pode levar até a morte
Fora o poder de causar sérias lesões, se o resgate de uma pessoa ferida por linha chilena ou até mesmo a linha com cerol não acontecer de forma rápida, é possível que o sangramento excessivo leve à morte.
Segundo o médico Rogério Zanon, um corte mais profundo, mesmo que o resgate seja rápido, também pode causar a morte. “Em uma situação de maior profundidade, diante do sangramento, o corte pode levar a pessoa a óbito”.
As regiões do corpo em que as vítimas costumam ser atingidas são pescoço e pernas, áreas onde há bastante circulação de sangue.
Nas pernas, veias importantes são as veias safena e a artéria femural, e no pescoço as artérias carótidas e a veias jugulares.
“Nessas veias e artérias, se cortadas, ocorre perda muito grande de sangue em poucos minutos. Outro risco para motociclistas é que ao se chocar com a linha, estando em alta velocidade, ela fica presa na região do pescoço e, com o atrito, causa cortes ainda mais profundos”, completa o médico.
Para o médico, pelo fato de ser difícil encontrar os responsáveis pelas linhas, o que o motociclista pode fazer é instalar uma antena na moto. “É a única maneira de evitar que a linha chegue até o pescoço de uma maneira forte”.
“Eu poderia ter morrido”, diz jovem
“Se o corte fosse mais profundo, poderia ter morrido”, disse Lucas Oliveira Brandão, de 19 anos, que trabalha como repositor de supermercado em Guarapari e teve o pescoço e dedos cortados por uma linha de soltar pipa, conhecida como linha chilena.
A Tribuna – Como o fato aconteceu?
Lucas Oliveira – Eu estava voltando do serviço, era umas 5h40 da tarde, e de repente eu senti algo no meu pescoço, mas na hora não entendi o que seria. Ainda andei um pouco e vi que era uma linha. Parei a moto, tentei tirar a linha rapidamente, acabei cortando o dedo também, e fui deitando a moto no chão. O sangue começou a sair, e quem veio me ajudar disse que era a linha chilena.
O susto veio quando você viu o sangue?
Foi um susto enorme. Sorte que eu estava devagar ou seria pior. A linha estava atravessada na rua, agarrada em uma árvore e no telhado de uma casa. Os médicos disseram que se tivesse pego na jugular, eu teria perdido muito sangue e poderia ter morrido. Levei três pontos no pescoço e um no dedo.
Ficou o trauma?
A gente fica traumatizado de andar de moto. Nunca aconteceu, mas pode acontecer de novo. Aqui em casa, a gente nunca pensou em colocar aquelas antenas na moto, como forma de proteção. Mas depois desse problema, já estamos procurando como colocar o equipamento. Na minha família, todos andam de motocicleta.
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