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Cidades

Histórias da mulher do padre


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Imagem ilustrativa da imagem Histórias da mulher do padre
Maria Therese com o livro que escreveu sobre sua vida ao lado do padre que conheceu durante viagem a Roma |  Foto: Roberta Bourguignon/ AT

Era para ser somente uma viagem à Itália, com um coral da Alemanha, mas a alemã Maria Therese Christine Lenertz viu algo diferente no padre Carlos dos Anjos, que fazia uma tese em Roma, com o tema “Pecado Original”.

O sacerdote brasileiro, nascido na Bahia, tinha 27 anos na época, seis de ordenação, enquanto Therese, aos 28 anos, estava recém-separada, com duas filhas.

“Estávamos em Roma com uma excursão da Paróquia da Alemanha. Eu fazia parte do coral e fomos cantar no seminário dos padres. Havia 20 estudantes padres, e deu no que deu. Nos apaixonamos”, conta Therese.

Apaixonado, padre Carlos decidiu largar a batina para, meses depois, começar o romance que levou ao casamento após cinco anos. Os dois ficaram casados por 27 anos e tiveram duas filhas, Melanie, hoje com 51 anos, e Adriane dos Anjos, de 47.

A história é contada por Therese, em seu livro “A Mulher do Padre”. Aos 84 anos, a ex-professora vive hoje em Guarapari, onde também escreveu “Minha Inocência durante a II Guerra Mundial”.

Ela lembra que quando Carlos desistiu de ser padre, foi difícil. “Foi um desastre. Ele entrou para o seminário com 10 anos. O irmão mais velho também virou padre. Então, largar a batina para se casar não foi tão comum assim”.

Os dois chegaram a trocar cartas pelos Correios. Depois de se encontrarem em Roma, Carlos foi para Madri, na Espanha, e Therese para a Suíça.

“Podíamos ter tomado caminhos diferentes na vida, mas a direção de Deus foi outra. Nós nos encontramos em Madri, logo após eu terminar o trabalho na Suíça”, relata.

“Ambos lutamos. Eu resolvi deixá-lo, mas o amor estava ali, e sem sucesso de separação. Foi a primeira vez que nos tocamos e não tive dúvidas”.

Therese revela no livro que ela foi a única mulher de Carlos, até o fim de seus dias. “O que nós dois sentíamos era um verdadeiro amor. Aquilo era o que significava paixão, que, para mim, acontece uma só vez na vida, porque o amor fala ao coração”.

Como sacerdote, ele chegou a celebrar missas em diferentes cidades capixabas por cinco anos, principalmente na região da Vila Rubim, em Vitória, onde foi ordenado.

Com uma forte ligação com o Estado, o ex-padre decidiu comprar uma casa em Guarapari, onde passava férias, mas morreu antes de morar no município.

Carlos morreu aos 58 anos, após sofrer um infarto na Bahia, na casa de familiares.

“Recebemos de Deus o dom do celibato”, diz sacerdote

Integrante do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Vitória, o padre Hadeleon Santana, da Paróquia Virgem Maria, em Cariacica, explica a tradição de que padres não se casam e afirma que o celibato é um dom.

“O padre não se casa, para que, mais perfeitamente, esteja unido a Cristo, e faça a sua doação total, completa, para que, 24 horas por dia, ele esteja disponível às coisas de Deus”, diz. “Nós não nos casamos porque recebemos de Deus um dom, o dom do celibato”.

“Na prática, é: para aquilo que Deus precisar, onde precisar, como Ele precisar, estou disponível. Não estou preso a nenhum amor humano, de quem quer que seja, para que a minha disposição esteja completamente aberta a Cristo”, completa padre Hadeleon.

“Abrimos mão do matrimônio, mas isso dentro de uma liberdade. Não é a Igreja que nos impõe. Se eu quero abraçar o sacerdócio católico, eu devo entender que recebi o dom para o celibato”, reforça.

Sobre o debate a respeito de os padres, um dia poderem vir a se casar, o religioso afirma que a tradição está mantida.

“O papa Francisco entende que o celibato é um presente para a Igreja. A Igreja, através de um grupo de teólogos, sempre discute, mas uma discussão teológica. A Igreja é aberta a dialogar”.

Imagem ilustrativa da imagem Histórias da mulher do padre
A escritora, aos 84 anos de idade, em sua casa, em Guarapari |  Foto: Roberta Bourguignon/ AT

“Foi amor na 1ª troca de olhares”

Aos 84 anos de idade, a ex-professora Maria Therese Christine Lenertz dos Anjos revela que ainda lembra, como se fosse ontem, o dia em que conheceu o padre que se tornou o seu marido.

No jantar, ela colocou a cadeira ao lado dele e, quando o sacerdote levava parte do coral alemão para o hotel, em Roma, piscou para ela pelo retrovisor.

“Foi amor na primeira troca de olhares. O padre teve que nos levar ao hotel porque ficamos para trás. Ele pegou no meu braço e disse: 'você vai comigo', e eu respondi: 'pois não', e fui”, conta.

“No Fiat 147, ele dirigia e eu sentei no banco de trás. Quando passamos pela Praça de São Pedro, ele deu uma freada. O pessoal começou a gritar. Fui a única que não gritei. Olhei no retrovisor e ele deu uma piscada”, relata.

Ao retornar à Alemanha, após a excursão em Roma, onde conheceu o padre Carlos, Therese já tinha três postais dele em seu endereço. Carlos foi para Madri, na Espanha, fazer doutorado, e acabou caindo no próprio tema.

“Ele só me contou o tema do doutorado, 'Pecado Original', depois de anos de casados. Nós rimos muito”, lembra ela.

Carlos se formou em Psicologia em Madri, e falava grego, latim, francês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Após terminar a faculdade, na Espanha, os dois se mudaram para o Brasil, em 1974, e foram morar em São Paulo, onde Therese fez Filosofia e Letras pela PUC de Campinas.

Apesar da formação, Therese nunca exerceu as profissões. Ela deu aula de alemão em grandes empresas, e hoje é escritora.

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