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Cidades

Famílias em busca de antepassados

Arquivo Público do Espírito Santo aponta aumento na procura por documentos de parentes distantes.


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Os servidores públicos Matheus Reisen de Albuquerque, 29, e Caroline Reisen de Albuquerque, 27, com a mãe Léia Reisen de Albuquerque, 55 Foto: Kadidja Fernandes |  Foto: A Tribuna

A diversidade dos capixabas é um retrato do mundo, devido aos povos indígenas, europeus, africanos, orientais e árabes que construíram o Espírito Santo. Com a maior facilidade para encontrar  informações, cresceu o número de famílias em busca de conhecer mais sobre os seus antepassados.

É o que conta o diretor-geral do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, Cilmar Franceschetto. Em seu dia a dia profissional, o diretor afirma que nota um aumento expressivo nas buscas por documentos de parentes antepassados das famílias, principalmente em pesquisas pelo site da instituição.

“Há registros de embarque e de desembarque de imigrantes, além de outros documentos, por exemplo. Dá para fazer a pesquisa pelo sobrenome da família e encontrar muitas informações. As pesquisas no site cresceram nos últimos anos”.

O contato com a história familiar pode ajudar a construir um espaço emocionalmente mais seguro para o desenvolvimento da pessoa, analisa a psicóloga Marina Miranda. 

“Esse contato  dá a possibilidade de manter viva e presente a cultura da família e os motivos que fazem com que determinados hábitos existam e se mantenham, atribuindo sentido e afeto a essas características. O contato com as histórias tende a fortalecer os laços”.

Para o psicólogo e psicoterapeuta Gerson Abarca, a busca pelos antepassados contribui na definição da identidade pessoal e para a estruturação da personalidade. 

“Nós somos uma história construída, não existimos a partir de nós mesmos ou das relações diretas de pai e mãe.  Esse resgate da história familiar é fundamental para a pessoa se sentir pertencente a uma etnia, a uma raça, a uma cultura e a uma região”.

Só no Arquivo Público do Espírito Santo, há mais de 2,2 milhões de documentos genealógicos, com todos os dados de registros  digitalizados e disponíveis para pesquisa. 

Há registros de embarque e de desembarque de imigrantes, além de outros documentos, conta o diretor-geral,  Cilmar Franceschetto.

Pesquisas

Até ler em um jornal que outros capixabas com o sobrenome “Reisen” conseguiram reconhecimento da cidadania luxemburguesa, em 2018, o servidor público Matheus Reisen, 29 anos, e sua família acreditavam que tivessem ascendência alemã. 

Uma verdadeira busca por registros em cartórios e igrejas do interior do Estado confirmou a origem luxemburguesa da família. Em 2021, eles conseguiram o reconhecimento da cidadania do país.

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Nytanella Casagrande e asmin Espigariol advogadas |  Foto: © Divulgação

Procura por cidadania europeia

A procura por reconhecimento de cidadanias europeias  tem crescido anualmente no Espírito Santo, apontam especialistas. As possibilidades de escolher outro país para viver, de estudar em universidades da União Europeia com custos mais baixos e de garantir o direito aos descendentes são os principais motivos.

A análise é da advogada do escritório Delazzari, Nytanella Casagrande, especialista em Direito Internacional. Nos últimos anos de prática profissional na empresa, que é focada no reconhecimento das cidadanias italiana e portuguesa, ela presenciou o aumento do interesse dos capixabas em garantir o direito.

“O Brasil é um dos países com maior número de descendentes europeus do mundo.  Nossa sociedade está cada vez mais interessada em conhecer sua história”.

A tendência para os próximos anos é de que a busca pelo reconhecimento da nacionalidade europeia cresça ainda mais, devido à facilitação das análises dos pedidos, que já incluem agendamentos para entrega de documentos por videochamada, analisa a advogada do escritório Delazzari Yasmin Espigariol, especialista em Direito Internacional. 

“As pessoas passaram a desmistificar os longos prazos para conclusão do pedido, entendendo que é possível ter o direito reconhecido com baixo custo. O esforço dos consulados, como é o caso do Consulado do Rio de Janeiro, que zerou a fila de espera da análise documental, também contribui”.

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O analista de marketing, Matheus Fraga do Nascimento, que usa o site MyHeritage para montar a árvore geneológica de sua família. Foto: Tiago Melo |  Foto: A Tribuna

Árvore genealógica em site

O analista de marketing Mateus Fraga, 21 anos, decidiu montar a árvore genealógica de sua família na adolescência. Com o tempo, a tarefa se tornou séria e  o jovem completou seis gerações de antepassados no site MyHeritage.

Os dados enviados por ele se cruzaram com dados de outros usuários e ele descobriu a  origem sírio-libanesa e, provavelmente, judia. Mateus descobriu, ainda, que é parente distante do escritor Graciliano Ramos. “Agora, falo com propriedade sobre minha origem”.

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Fernanda Gandini com sua tia Délia Gandini Fialho. Foto: Fabio Nunes. |  Foto: A Tribuna

Pai era apaixonado pela Itália

A enfermeira Fernanda Gandini, 43, é trineta de italianos que vieram para o Espírito Santo em 1894. Curiosa sobre sua origem, a capixaba decidiu, junto à família, montar uma árvore genealógica e buscar o reconhecimento da cidadania italiana.

Ela e sua tia, a aposentada Délia Gandini Fialho, 72, sempre souberam da origem italiana. 

“Eu busquei nossa ascendência por questão familiar. Já conhecia um pouco da história. Meu pai era muito apaixonado pela Itália. Sonho em visitar o país e realizar este sonho dele”, explicou Fernanda Gandini.

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Fernanda Cipriano, 39, atriz, comunicadora e empresária. Foto: Fabio Nunes |  Foto: A Tribuna

Testes genéticos revelam origem

Devido ao longo período   de imigração para o Espírito Santo, muitos capixabas desconhecem a própria origem. O avanço da ciência, contudo, já pode mudar isso. 

Os testes genéticos de ancestralidade, cada vez mais populares e acessíveis, revelam as diferentes origens por meio do DNA presente na saliva. 

A curiosidade em descobrir o quanto cada origem contribui para a composição genética pessoal é tanta que entre janeiro e abril de 2021, o laboratório meuDNA registrou um aumento de 170% na  busca por testes de material genético.

A empresária Fernanda Cipriano, 39, acreditava que a maior parte da sua composição étnica era italiana, assim como toda a sua família. Ao realizar um teste genético de ancestralidade, a capixaba se surpreendeu: a origem italiana representa 13% do seu DNA, atrás da espanhola, com 22%, e da portuguesa, com 37%. 

“Minha vontade surgiu mais como uma busca profunda de autoconhecimento. Eu achava que o resultado daria mais origem italiana, já que meu sobrenome é ‘Cipriano’. Depois do teste, fiquei com mais vontade de conhecer Portugal”, afirmou.

 O doutor em Genética pela USP e CEO da Mendelics e do meuDNA, David Schlesinger, conta que, em média, cada brasileiro tem oito populações nos resultados dos testes do laboratório meuDNA. 

Ele analisa que há um aumento da procura pelos testes tanto por conta da origem miscigenada dos brasileiros quanto pelos registros históricos apagados pela escravidão. 

“Esses resultados reforçam como o Brasil é um país diversificado. Hoje, qualquer pessoa pode ter acesso a testes genéticos. Cerca de 10 anos atrás, quando falávamos em testes genéticos, só pensávamos em testes de paternidade e o sequenciamento de DNA”.

O psicólogo e psicoterapeuta Gerson Abarca defende que o resgate das origens por  pretos e pardos pode ajudar a construir o sentimento de pertencimento e influenciar na autoestima.   

“Os negros perderam a identidade, como os hábitos e os costumes dos povos. Quando a comunidade negra reconstrói essa história, isso cria um sentimento de pertencimento e de um coletivo. Buscar o histórico da família e dos antepassados ajuda a fortalecer a autoestima”, explicou.

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Celso Luiz Claus, e as primas Loretta Nico Casarotto(italiana de branco) e Teresa Nico Gavazza fotos: Tiago Melo |  Foto: A Tribuna

17 gerações e dois livros

O engenheiro civil e escritor Celso Luiz Caus, 70 anos, conviveu na infância com os avós cantando em dialeto italiano. Desde cedo, já era curioso sobre a sua origem. 

Ele montou sua árvore genealógica com informações encontradas no Arquivo Público e de três visitas à Itália, e conseguiu completar 17 gerações, chegando ao ano 1492.

Celso lançou dois livros com as histórias dos seus antepassados, os “Caus” e “Nico”. “Descobri minha prima Loretta e outros parentes na Itália”, contou.


Onde encontrar informações

Acervo Público

No Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), há mais de 2,2 milhões de documentos genealógicos, com todos os dados de registros,  digitalizados e disponíveis para pesquisa.  Há registros de embarque e de desembarque de imigrantes, além de outros documentos, conta o diretor-geral,  Cilmar Franceschetto.

No site www.imigrantes.es.gov.br, por exemplo, há como realizar a busca pelos antepassados pelo sobrenome, com dados como navio de embarque para o Estado, país de origem, ano, parentesco e idade.

O livro “Imigrantes: Espírito Santo”, do Projeto Imigrantes Espírito Santo, tem informações que podem ajudar na pesquisa, com  dados da imigração estrangeira no Espírito Santo nos séculos 19 e 20. O livro está disponível no site ape.es.gov.br.

Cúria Metropolitana de Vitória

Os registros de documentos, até 1889, eram feitos nas paróquias do Estado. É possível encontrar os documentos na Cúria Metropolitana de Vitória, no Centro. 

Arquivo Nacional

O Arquivo nAcional, no Rio de Janeiro, tem documentos de imigrantes que chegaram entre 1875 e 1910, além dos pedidos de naturalização desde 1823. A pesquisa pode ser feita também pela internet, no  site sian.an.gov.br.   

Museu da Imigração

O Museu da Imigração, em São Paulo,  tem documentos de imigrantes que chegaram no País nos séculos XIX e XX. O acervo digital pode ser consultado no site www.inci.org.br/acervodigital. 

Testes  de ancestralidade

Os testes de ancestralidade possibilitam saber quais povos estão presentes no DNA, revelando quais são as origens de sua família. 

Muitos podem ser comprados pela internet e, após colher a saliva, o usuário envia para um laboratório e recebe as informações em casa.  No teste meuDNA, por exemplo, há  a identificação de  milhares de marcadores genéticos de 88 populações.

Outros testes comuns são  o Genera e o My Heritage. Há opções a partir de R$ 209.

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