Descobertas 200 espécies em navios encalhados
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Peixes, moluscos, crustáceos, algas, corais, anêmonas comuns e raras estão entre as espécies encontradas no maior berçário de vida marinha do Brasil. Em 2018, eram 40 espécies catalogadas. Agora, são mais de 200 registradas em volta dos navios que faziam comércio pelo oceano e que, há anos, foram parar no fundo do mar, em Guarapari.
“Guarapari é reconhecida e possui a maior biodiversidade marinha do Brasil, de peixes recifais. São mais de 200 espécies catalogadas. Todo o fundo da ilha concentra um berço de vida marinha muito grande”, frisa o instrutor de mergulho e empresário Bruno Felipetto.
Os navios estão a mais de 20 metros de profundidade e servem de berçário para a vida marinha.
São dois naufrágios em torno da Ilha Escalvada, que fica a oito quilômetros da costa da cidade: o do navio cargueiro britânico Bellucia, que afundou em 1903, após colidir com a ilha, e o Victory 8B, que completa 18 anos no fundo do mar.
“O Bellucia se chocou com as ilhas rasas, partiu em dois, e o mergulho acontece primeiro de um lado, e depois de outro. Esse naufrágio foi eleito pela revista especializada ‘Mergulho’, como o naufrágio mais bonito do Brasil. Só isso já serviria de atrativo para os mergulhos incríveis que podem ser feitos no local”, explica Felipetto.
“Em 2003, fizemos o afundamento de um recife artificial marinho, que é o Victory 8B. É um navio cargueiro grego, que ficou atracado preso no Porto de Vitória por problemas judiciais. Depois, começou a se tornar um risco ambiental, e recebeu autorização para ser afundado”, relata.
“Foram 500 dias de limpeza do navio, que foi preparado para mergulho”, completa.

As mais de 200 espécies de animais marinhos e os navios são os atrativos principais que levam mergulhadores do mundo inteiro para conhecer o local.
“São pessoas que vêm da Europa, dos Estados Unidos, Inglaterra, Argentina e do mundo inteiro para mergulhar em Guarapari”, cita Felipetto, dono da escola de mergulho Atlantes.

Casal elege Guarapari local favorito para mergulho
O médico psiquiatra Helbert Antoniaze Campos, 45, de Minas Gerais, é mergulhador há 15 anos. A mulher dele, Maria Marta Abdala Campos, 49, passou a admirar o marido e logo começou a fazer os cursos de mergulho.
Os dois já mergulharam em Ilha Grande (RJ), Fernando de Noronha (PE) e Abrolhos (BA), Cozumel (México) e Punta Cana (República Dominicana) e dizem que Guarapari é o lugar mais incrível.
“Guarapari não perde para nenhum desses lugares”, destacam.

“Batismo” de turistas na ilha
Com tantos atrativos no fundo do mar, além de receber visitas de mergulhadores do mundo inteiro, a Ilha Escalvada, em Guarapari, é o ponto de encontro para os turistas que vão fazer o “batismo”, que é o primeiro mergulho.
De São Paulo, a veterinária Cibele Zanon, 39, o bombeiro Eder Barbosa, 40, e o filho Guilherme, de 9 anos, foram fazer o “batismo” na ilha e ficaram encantados.
“É nossa primeira vez em Guarapari, e viemos realizar o sonho do Guilherme, que era o de mergulhar. Foi o primeiro mergulho dos dois. Meu filho ficou apaixonado e confirmou sua vontade de ser biólogo marinho. O Eder disse que foi uma das aventuras mais incríveis que ele fez”, conta Cibele.
Eder completa. “Foi muito bom mesmo. É algo diferente, uma sensação indescritível. Vimos uma diversidade de peixes que a gente não tem noção que existe”.
O instrutor Bruno Felipetto esclarece que o mergulho de batismo é feito com um profissional. A norma na empresa, segundo ele, é para que a experiência seja muito boa, e a segurança, mantida.
“Às vezes, chegam pais com filhos querendo mergulhar junto, mas a gente disponibiliza um instrutor para cada mergulhador. O mergulho de batismo é feito em até 12 metros de profundidade”, frisa Felipetto.
Criança acima de 8 anos pode fazer o “batismo”, e a partir de 10 anos, o curso de mergulho. Para mergulhar, é preciso ter boa de saúde e não é necessário saber nadar. O mergulho sai a R$ 365 por pessoa.
Cenas




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