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Cidades

Cirurgião já ajudou 400 a fazer transição de gênero


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Que a área da cirurgia plástica está em alta, isso não há dúvida. Porém, o médico José Carlos Martins Júnior, pós-graduado nas áreas de Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica, Cirurgia Plástica Facial e Cirurgia Bucomaxilofacial, resolveu ir além: também é especialista em cirurgia de transição de gênero.

José Carlos tem uma clínica especializada em Santa Catarina, e, ao lado de seu sócio, o médico Cláudio Eduardo de Souza, já ajudou mais de 400 pacientes a fazerem a transição de gênero.

Imagem ilustrativa da imagem Cirurgião já ajudou 400 a  fazer transição de gênero
As gêmeas Mayla e Sofia, de 19 anos, fizeram a cirurgia de transição juntas |  Foto: Reprodução/Instagram

No começo do mês, eles operaram as gêmeas Mayla Phoebe e Sofia Albuquerck, de 19 anos.

O termo “readequação ou transição de gênero”, segundo especialistas da área, é a forma mais correta de falar sobre o assunto, já que dizer ”mudança de sexo” não condiz com a realidade das pessoas trans, que, de acordo com eles, na verdade, passam por uma transição.

O especialista explica que a transição de gênero engloba as cirurgias facial, corporal e genital. “Nem toda mulher trans (transição do masculino para o feminino) vai passar por todas as cirurgias. O que faz a paciente passar por uma cirurgia ou outra é a disforia de gênero”.

De acordo com o médico, a disforia é um estresse, mal-estar e tristeza que a pessoa sente quando percebe que a maneira como se entende não é a mesma forma como se expressa. “Por exemplo, a paciente se sente e entende como uma mulher, só que, quando se olha no espelho, vê face, corpo e genital masculino”, explicou.

A Tribuna – Por que resolveu investir nessa área da cirurgia plástica?

José Carlos Martins Júnior Tenho 22 anos de formado e, desde o início da minha carreira, sempre me dediquei a cirurgias transformadoras. Sempre me dediquei ao trauma de face, às deformidades faciais, às lesões e reconstruções. E não existe cirurgia mais transformadora do que a de reconstrução de gênero. O que me motivou foi o fascínio que eu tenho pela cirurgia transformadora.

Imagem ilustrativa da imagem Cirurgião já ajudou 400 a  fazer transição de gênero
José Carlos mostra livro que escreveu com orientações médicas para quem pretende fazer mudança de gênero |  Foto: Lucas Gonçalves/Divulgação

Lembra qual foi seu primeiro paciente?

Meu primeiro paciente foi em 2015. Foi uma dentista, de Manaus (AM), que morava em Joinville, Santa Catarina. Uma mulher trans que veio fazer a cirurgia facial, de feminização facial.

Quantos pacientes já ajudou a fazer a transição de gênero?

Temos uma experiência de mais de 400 pacientes operados, desde 2015. Fazemos, em média, de quatro a cinco cirurgias por semana. Cerca de 80% do nosso volume de pacientes vem da Europa e dos Estados Unidos.

Qual procedimento é o mais comum?

Na transição masculina para o feminino (mulher trans), é mais comum o processo cirúrgico. Na transição feminina para o masculino (homem trans), a maioria das alterações corporais e faciais fica a cargo da testosterona, que é um hormônio muito potente.

Diferentemente da mulher trans, o homem trans não precisa de muitas cirurgias para fazer sua transição. Tomando a testosterona, os músculos já mudam de volume, a distribuição corporal já muda, a voz fica grossa.

O que fica para o homem trans é a mastectomia masculinizadora, que é a retirada das mamas, e a faloplastia, cirurgia genital.

Porém, a cirurgia genital ainda é muito rudimentar, cercada de complicações, diferente da cirurgia da mulher trans.

O homem trans, na parte genital, não é privilegiado. Ele tem o privilégio de poder tomar testosterona e ter todas as alterações que poderão baixar a disforia dele. A cada 10 cirurgias, nove terão algum tipo de complicação.

O que seria a disforia de gênero?

A disforia é um estresse, mal-estar e tristeza que a paciente sente quando percebe que a maneira como se entende não é a mesma forma como se expressa. A paciente se sente e entende como uma mulher, só que, quando se olha no espelho, vê face, corpo e genital masculino. Isso causa uma disforia.

A disforia não é uma doença. Tem mulher trans que tem disforia facial. Nesse caso, ela passará por uma cirurgia de feminização facial. Já outras têm uma disforia genital e passam pela redesignação sexual.

Como é a cirurgia para a mulher trans?

Somos uma clínica cirúrgica. Somos dois cirurgiões, eu o Cláudio. Todo o início da transição, a paciente fará em sua cidade de origem. Para fazer a cirurgia facial, ela não precisa de nenhum laudo psicológico ou psiquiátrico. Ela vai iniciar a transição e pode fazer a feminização facial junto à hormonização (terapia hormonal).

Para a cirurgia corporal, orientamos que a paciente esteja, no mínimo, de três a seis meses tomando hormônio para colocar a prótese de mama.

Para a cirurgia genital, que é a de redesignação sexual, a paciente, obrigatoriamente, precisa estar há um ano fazendo acompanhamento com dois profissionais de saúde mental, um psicólogo e um psiquiatra. Ao final desse um ano, serão gerados dois laudos, que dirão para o cirurgião se a paciente é uma mulher trans e se ela rejeita seu órgão genital. Isso é o mais importante para a cirurgia.

Por quê?

Transição de gênero não tem nenhuma relação com orientação sexual. Por exemplo: a minha paciente pode ser uma mulher trans, ou seja, se entende como mulher, mas ela tem orientação homossexual. A orientação sexual é a maneira como a pessoa se relaciona sexualmente e afetivamente com outra pessoa.

A cirurgia genital não é para toda mulher trans. É errado quando a pessoa pensa que o sonho de uma mulher trans é fazer a cirurgia. Apenas de 3% a 5% de todas as mulheres trans querem ou vão para uma cirurgia de redesignação sexual. O restante é feliz com seu órgão genital.

Já teve pacientes que foram “barrados” de fazer o procedimento?

Sim. Por lei, pelo Conselho Federal de Medicina, a paciente tem de fazer um ano de terapia com os profissionais e de terapia hormonal com endocrinologista. Mas nada impede de ela chegar com os laudos e vermos que ela não é uma paciente para a cirurgia. A palavra final é do cirurgião.

É uma cirurgia irreversível?

Sim, como a maioria das cirurgias de feminização. Não existe arrependimento para uma cirurgia dessa. Os casos de arrependimento, na verdade, foram casos mal conduzidos e mal selecionados. Se a paciente se arrependeu, a cirurgia não era para ela.

Quanto custa, em média, uma transição completa?

Não posso, como médico, anunciar preço. É um valor alto, que pode variar, dependendo do que a pessoa vai fazer. Falando de uma transição completa, corpo, face e genital, a partir de R$ 20 mil a 150 mil. Não quer dizer que a paciente vai gastar tudo de uma só vez.


Quem é ele


José Carlos Martins Júnior

  • Tem dupla formação, em Medicina e Odontologia.

  • É pós-graduado nas áreas de Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica, Cirurgia Plástica Facial e Cirurgia Bucomaxilofacial.

  • É fundador e um dos diretores da clínica dedicada a pacientes transgêneros em transição Transgender Center Brazil, em Blumenau, Santa Catarina.

  • É autor do livro “Transgêneros, Orientações médicas para uma transição segura”.

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