Casal de Vitória vai buscar bebê na Ucrânia
Moradores de Vitória, Priscila e João Paulo vão viajar até Kiev, na área de conflito, para buscar o filho, que deve nascer nesta semana
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Em mais um retrato da guerra na Ucrânia, no bunker de uma clínica de reprodução humana, 21 bebês de barrigas de aluguel aguardam por seus pais, que não puderam buscá-los por causa dos bombardeios russos que atingem a capital Kiev.
Por 24 horas, enfermeiras permanecem no local para cuidar dos bebês que, apesar do pouco tempo de vida, precisam sobreviver em uma situação hostil, escondidos no subsolo da clínica.
Por suas leis favoráveis, a Ucrânia é muito procurada por estrangeiros que buscam o processo de gestação de substituição — a chamada barriga de aluguel —, proibida em vários países, inclusive no Brasil.
No início da guerra, em 24 de fevereiro, dois casais brasileiros que tinham ido buscar seus bebês em Kiev acabaram retidos pelos toques de recolher, até conseguirem escapar, no último dia 2.
Agora, um casal morador de Vitória se prepara para viajar até a capital ucraniana. O filho de Priscila e João Paulo Bogucki foi gestado no útero de uma ucraniana, que aguarda em um abrigo antibombas a chegada do parto, previsto para a próxima quarta-feira.
“Quando a guerra aconteceu, ela (a gestante) já estava em Kiev, na reta final da gravidez. Não dava para sair de lá”, afirma Priscila, em reportagem da Folha de S.Paulo.
“E sair de Kiev com um recém-nascido é muita responsabilidade. Na clínica disseram que não podem entregar para qualquer pessoa, só para os pais.”
Priscila e João Paulo vão viajar até a Polônia no dia 26. O plano é atravessar a fronteira e chegar a Lviv. De lá, o casal tentará ir até a capital, provavelmente de trem. “Ficamos com medo, mas é o nosso sonho que está lá, não dá para esperar”.
De acordo com o Itamaraty, o governo brasileiro auxiliou até agora cinco famílias brasileiras que saíram da Ucrânia com seus bebês recém-nascidos e que outras duas deverão fazer o mesmo até o fim de março.
O ministério disse ainda que foram flexibilizados alguns requisitos para o registro de nascimento e a emissão de documentos de viagem aos recém-nascidos, “em caráter excepcional e dada a gravidade da situação”.
“O escritório consular do Brasil em Lviv tem organizado comboios regulares com destino à Polônia, por meio dos quais brasileiros e familiares têm logrado deixar a zona de conflito”, informou o Itamaraty à Folha de S.Paulo.
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