Capixabas em Portugal são impedidos de voltar ao Brasil
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O que deveria ser um período de diversão se tornou um momento de desespero para o casal de empresários capixabas Elcio Paulo Teixeira, 50, e Carlos Magno Bernabé, 52, que viajaram para Portugal e não estão conseguindo voltar para o Brasil.
Isso porque o exame molecular RT-PCR, para detectar a covid-19, de Elcio deu positivo, mesmo já tendo passado o período da quarentena, e com o teste antígeno negativo. Para entrar no Brasil, um dos requisitos é ter o PCR negativo.
Elcio e Carlos chegaram a Portugal no último dia 6 e planejavam retornar no dia 12. Em 10 de setembro, fizeram o teste RT-PCR e testaram positivo para a covid-19. Carlos começou a apresentar sintomas no dia 7 e Elcio, no dia 8.
Após o resultado, cumpriram o prazo de isolamento, de 10 dias desde o início dos sintomas e, depois, o exame continuou dando negativo. Eles pediram orientação ao Consulado Brasileiro em Portugal, mas não tiveram retorno.
“Foram mais de 30 ligações sem resposta. Fui ao Consulado Brasileiro duas vezes, e sempre estava fechado e com horário limitado. Depois, consegui um telefone de WhatsApp que eles deram respostas vagas, mesmo diante da gravidade da situação”, contou Elcio.
Na sexta-feira, o resultado de Carlos deu negativo, mas o de Elcio foi positivo. Até o momento, eles estão com uma despesa de mais de R$ 30 mil além do previsto, considerando hospedagem, alimentação, medicação e outros gastos.
“Estou com o teste antígeno já negativo, consigo circular livremente em Portugal, entrar em bares, restaurantes, mas não consigo voltar para casa”, disse Elcio.
De acordo com o infectologista Luís Henrique Borges, geralmente, depois de 10 dias dos primeiros sintomas, o vírus não é mais transmissível, considerando casos de sintomas leves, como o do casal.
“Algumas pessoas vão ter a persistência de PCR positivo, o que não quer dizer que estão transmitindo o vírus; isso porque as células da faringe podem manter restos de DNA viral”, explicou o médico.
Além do exame RT-PCR negativo, as outras duas exigências do governo brasileiro para a entrada no País é apresentar teste de antígeno com resultado negativo e um atestado médico declarando que o indivíduo está assintomático.
Procurado, o Itamaraty não se pronunciou sobre o caso.
ENTREVISTA
Elcio Teixeira “É complicado ser rejeitado pelo próprio país”
Com o tempo estendido da viagem, além do que estava previsto pelo casal de empresários capixabas Elcio Paulo Teixeira, 50, e Carlos Magno Bernabé, 52, as despesas chegaram a mais de R$ 30 mil. Ambos já estão vacinados contra a covid-19 com as duas doses.
A tribuna – Ficariam até quando em Portugal?
Elcio teixeira – A programação era ficar de 6 e 12 de setembro em Portugal. Mas, no dia 10, fomos fazer o PCR, e o do Carlos deu positivo e o meu deu negativo. No mesmo dia, o meu exame também deu positivo. Tivemos febre e dor de cabeça.
Após passar o período do isolamento e continuarem testando positivo, o que fizeram?
Eu fui pessoalmente ao Consulado Brasileiro duas vezes, e sempre estava fechado e com horário limitado. Foram mais de 30 ligações sem resposta. Depois, consegui um telefone de WhatsApp que eles deram respostas vagas, mesmo diante da gravidade da situação.
O que esperam agora?
É complicado ser rejeitado pelo seu próprio país e não poder voltar para casa, mesmo estando curado, porque o governo estabelece um único critério, que é falho.
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