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Cidades

Benzedeira agora trabalha a distância


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Imagem ilustrativa da imagem Benzedeira agora trabalha a distância
Dona Maria da Conceição, em casa, com a Bíblia. “As pessoas reclamam da vida. Eu não. Faço de bom coração” |  Foto: Alessandro de Paula

Em época de pandemia, uma benzedeira de 70 anos passou a atender as pessoas pelo telefone, rezando a distância. Dona Maria da Conceição Depoli Spolador Sonsin é uma das últimas rezadeiras em atividade em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado.

Católica, dona Maria se aposentou como doméstica, mas continua trabalhando até hoje em casa de família. Ela explica que “reza” as pessoas por carinho e não cobra.

Já benzeu até uma granja com 300 porcos que estavam adoentados.

Pelo telefone, dona Maria atende moradores de várias cidades. Anota os motivos de oração em um caderno e faz a reza, que aprendeu sozinha, apenas observando sua bisavó. Ela conta que ninguém nunca a ensinou.

“As pessoas me chamavam para rezar armazém, chiqueiro de porco, e assim começou”, contou.

Dona Maria nasceu na zona rural de Muqui, também no Sul do Estado. Com 40 dias de nascida, seus pais se mudaram para Cachoeiro, onde se casou. Ela lembra que era muito doente. “Eu era toda furada de injeção. Sentia muita dor”, relatou. Até que um médico a diagnosticou com pedras na vesícula.

“Ele tirou 56 pedras”, comentou. Depois disso, ela melhorou. Após algum tempo, dona Maria começou a rezar, há 50 anos, e nunca mais parou.

“As pessoas reclamam da vida. Eu não. Faço de bom coração”, disse.
Boa parte dos pedidos de oração é para problemas de saúde. Alguns buscam dona Maria para ajudar no amor.

Há um tempo, uma jovem a procurou. Disse que estava apaixonada por um rapaz, mas ele iria se casar com outra mulher. “Eu rezei e expliquei: 'em 13 dias, se ele não desmanchar o casamento, você irá esquecer dele'. Hoje, ela está casada com outro homem, por quem é apaixonada”, relatou.

A benzedeira conta que o dom da reza pode ser passado para outra pessoa, mas ela não tem ninguém em vista. “Enquanto isso, não posso parar”, disse.


“Ela rezou e eu fiquei boa”


Imagem ilustrativa da imagem Benzedeira agora trabalha a distância
Dona Maria da Conceição |  Foto: Alessandro de Paula

Uma jornalista de Cachoeiro de Itapemirim contou que, em uma ocasião, ao tentar pegar uma pedra no chão, sentiu forte dor no estômago, fraqueza nos braços e nas pernas.

Ela, então, se lembrou de uma doença comum em seu tempo de infância, a espinhela caída, e pensou em procurar uma benzedeira.

“Não estava achando, até que um amigo me falou da dona Maria. Ela rezou e eu fiquei boa em dois dias”, relatou.


Entrevista - Maria da Conceição Depoli benzedeira: “Não posso negar reza a ninguém"


A Tribuna – Quem ensinou a senhora a rezar?

Maria da Conceição DepoliNunca me ensinaram a rezar. Minha avó era rezadeira. Eu a vi rezando. Eu era solteira, me casei e comecei a rezar. Eu rezo tudo, espinhela caída, vento no olho, dor de dente, dor de cabeça.

Acha que é um dom?

Só sei que é assim. Eu sei rezar.

Começou com quantos anos?

Não me lembro. Foi logo depois que me casei. Mas se perguntar quem foi a primeira pessoa que rezei, não me recordo. Antes, meu apelido era Dola. Depois passei a ser conhecida como Maria Rezadeira.

Como faz para rezar durante a pandemia?

Eu estou rezando de longe, pois tenho 70 anos, cuido de dois bisnetos. Minha neta, mãe das crianças, não quer. Faço oração e as pessoas são curadas. Criança, adulto.

A senhora recebe algum dinheiro para rezar?

Não. Sou aposentada e continuo trabalhando. São 36 anos como doméstica. Lavo, passo e cozinho. Rezo mais à noite, antes de me deitar. Eu anoto num caderno os motivos de oração. Emprego, criança, loja. Muita gente doente. Já fui muito em hospital rezar, hoje não vou mais, devido à pandemia.

Tem alguma religião?

Eu sou católica, devota de Nossa Senhora Aparecida. Já me chamaram de macumbeira. Já me importei, mas hoje não ligo mais.

Pensa em parar algum dia?

Não posso negar uma reza a ninguém. Uma vez parei de rezar porque tinham me chamado de macumbeira. Comecei a passar muito mal. Aí, chegou uma mulher na porta me pedindo para orar o pai dela. Eu estava com muita febre, mas fui. O homem estava com dor de coluna. Rezei. Passou um tempo, ele se levantou e foi trabalhar. E eu também melhorei.

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