Até jejum de 21 dias para emagrecer
Médicos alertam que esse tipo de restrição pode causar confusão mental, infertilidade, anemia, desnutrição e até morte
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Dieta da sopa, do ovo cozido, de grãos e sementes e jejum de 21 dias. Essas são algumas “receitas” malucas que prometem emagrecimento rápido.

Só que esses tipos de restrições alimentares podem causar desnutrição, cansaço, desmaios, anemia e até infertilidade, segundo especialistas.
Nos últimos dias, a ex-BBB Bárbara Heck causou burburinho nas redes sociais ao revelar que passou 21 dias sem comer, sendo que nos três primeiros ela também ficou sem beber água. Segundo ela, com isso, perdeu aproximadamente sete quilos.
A médica nutróloga Mariana Comério explica que dentro da medicina o jejum tão prolongado não é indicado.
“O jejum extenso pode causar desnutrição, perda da massa muscular, provocar a disfunção de intestino e até provocar queda da imunidade”, ressalta.
Mariana alerta ainda sobre os efeitos que ficar tanto tempo sem água podem causar no organismo. “A maioria da formação do nosso corpo é por água, e ficar tanto tempo sem água pode levar a um desequilíbrio dos minerais, podendo gerar uma confusão mental”.
Sobre a perda de peso, o médico nutrólogo Roger Bongestab pontua que não é possível perder sete quilos apenas de gordura em 21 dias.
“O peso perdido é composto de massa gorda e magra. E a massa magra é composta de músculo, ossos e água. O perigo é que toda desnutrição é doença”.
“Há um risco de perda de minerais, de alteração de comportamento e do ciclo menstrual e até de fazer ciclos sem ovulação. Além disso, há risco também de alteração de consciência, de arritmias cardíacas e até de morte”, alerta.
O médico relata que já teve pacientes que ficaram um mês se alimentando apenas de maçã e água.
“Isso é assustador, pois esse paciente chega até a mim com complicações dessa dieta, com desnutrição de micronutrientes de fome oculta. A pessoa parece estar bem, mas com exames alterados, com anemia, por exemplo”.
Há ainda outro perigo por trás das dietas restritivas. “A literatura mostra que 85% dos transtornos alimentares começaram com uma dieta restritiva”, alerta a nutricionista Gabriela Rabello, colunista de A Tribuna.
“Esses tipos de dietas levam a transtornos alimentares, como compulsão e anorexia. Tem os efeitos a nível de saúde e metabolismo e de transtornos psiquiátricos”, completa.
“O importante é o equilíbrio”
Há sete anos, a analista de marketing Juliana Fucs, de 33 anos, faz acompanhamento com nutricionista para ter uma vida mais saudável.
Ela conta que nunca se arriscou em fazer dietas malucas da internet, mas que antes de ir ao nutricionista se alimentava como bem entendia. “No início meu objetivo era físico, porém, atualmente, prezo pela saúde”, explicou.
Para manter a saúde e o físico, Juliana também é adepta das atividades físicas. “Vou à academia todos os dias, também faço caminhada e spinning (aulas de ciclismo)”.
“Hoje tenho a cabeça aberta, antes achava que comer glúten, por exemplo, fazia mal. O importante é o equilíbrio”, destaca.
Reeducação alimentar
A especialista em alongamento de unhas Elaine Biasutti, 38 anos, já usou a internet para “se inspirar” e fazer dietas malucas.

“Via na internet e fazia. Tomei remédios, fiz a low carb, fiquei dias fazendo a dieta da sopa, mas nada adiantou. A única coisa que funcionou foi a reeducação alimentar com acompanhamento”, relata Elaine, que agora também pratica crossfit.
“No meu processo perdi oito quilos e o principal: ganhei qualidade de vida. Dieta não faz parte mais do meu vocabulário. É um estilo de vida”, afirma.
Fique por dentro
Risco para transtornos alimentares
Riscos
Dietas restritivas e jejuns extensos podem causar desnutrição, cansaço, perda de massa muscular, desmaios, anemia e até infertilidade, segundo especialistas.
Nas dietas com pouca proteína, pouco carboidrato e pobre em muitas vitaminas vai certamente levar à perda de massa muscular e, consequentemente, à fraqueza.
Ficar muito tempo sem beber água pode levar a um desequilíbrio dos minerais, podendo, por exemplo, gerar uma confusão mental.
Transtornos alimentares
Há ainda outro perigo por trás das dietas restritivas: os transtornos alimentares. Bulimia, anorexia e compulsão alimentar são os principais transtornos relacionados a práticas restritivas de alimentos e preocupações exageradas com o peso.
Jejum
Os especialistas explicam que o jejum é utilizado na nutrição como estratégia, não como estilo de vida. Ele é usado quando a pessoa já se encontra em um processo de emagrecimento, mas o metabolismo está em efeito platô, ou seja, estacionado. Deve ser feito de forma orientada e supervisionada. Pode melhorar as células anti-inflamatórias e ajuda a tratar a resistência à insulina e diabetes.
Alimentação e atividades
Deve-se beber muita água e ter uma alimentação balanceada. Além disso, é importante a prática de atividades físicas.
Fonte: Especialistas consultados e pesquisa de A Tribuna.
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