Amizade real entre sogras e noras
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Apesar dos mitos e das piadas envolvendo sogras e noras, muitos exemplos mostram que a interação entre as duas pode ser de compreensão, coleguismo e carinho. O famoso ditado “sogra boa é sogra longe” não se aplica à relação entre a professora Scheila Andrade de Farias Verner, 43 anos, e a dona de casa Reneida Werner, 69 anos.
As famílias já se conheciam anteriormente ao início do relacionamento de Scheila e o marido, em 1993, e sempre apoiaram os dois. Mesmo depois de ambas irem morar no mesmo prédio, a convivência continuou pacífica e elas nunca tiveram problemas. “Sempre soubemos respeitar o espaço uma do outro”, salienta a nora.
Para ela, isso só foi possível porque o relacionamento sempre foi baseado em uma parceria mútua. A história entre as duas é de cooperação em momentos importantes da vida: Reneida auxiliou Scheila na criação das duas netas.
Por outro lado, hoje, a professora é responsável pelos cuidados diários da sogra, que necessitou de ajuda após a morte do marido. Nesse sentido, a morte do sogro fortaleceu o vínculo entre as duas e a ligação ficou ainda mais profunda. “Eu precisei muito dela no passado e hoje eu retribuo”, revelou Scheila.
Depois do ocorrido, a nora fez mais companhia à sogra, que acabou ficando mais solitária com a perda do marido. A reciprocidade entre as duas aumentou. No dia a dia, ambas se divertem, cozinham e brincam. Além disso, segundo a professora, a convivência entre a mãe de Scheila, que também mora com o casal, e Reneida é muito agradável.
O segredo do relacionamento bem-sucedido, para Scheila, é a compreensão que ambas possuem do seu espaço e não existe disputa. “Não sinto ciúme dela com ele nem ela sente de mim”. Para ela, é necessário aprender a compartilhar o carinho e entender as diversas formas de amor nas relações.
Desde que não exista nenhum tipo de ameaça para nenhum dos lados no relacionamento, é possível estabelecer um bom convívio e confiança. “Não é difícil ter uma boa relação, basta você querer, entender qual é o seu papel na vida de cada um e viver de uma forma tranquila”, ressalta a professora.
Papéis diferentes dentro da família
Um dos principais fatores para que haja um bom relacionamento entre noras e sogras deve ser o entendimento do papel que ambas exercem na vida do marido/filho, segundo especialistas.
A psicóloga Rubia Passamai Navarro enfatiza que fazer essa distinção é o ponto chave da boa convivência.
Por um lado, a mãe precisa entender que o relacionamento amoroso é parte essencial do amadurecimento do filho; do outro, é necessário que a nora compreenda a natureza do relacionamento entre mãe e filho.
Além disso, ambas as partes precisam ter inteligência emocional para evitar conflitos e situações que coloquem o marido ou filho em disputa.
“Essa disputa é maléfica para todos, uma vez que provoca o afastamento, privando a família de momentos agradáveis em que todos estejam presentes”, explicou.
“A chegada de um novo membro na família é para somar, não subtrair ou substituir”, enfatiza a sexóloga e terapeuta de casais Sirleide Stinguel.
Segundo ela, existem ainda casos de mulheres que desejam suprir o lugar da mãe do marido, o que pode gerar conflitos entre nora e a sogra.
“Nesse caso, é preciso estabelecer um diálogo aberto e honesto entre as partes envolvidas”, explica a psicóloga Kaíza Donadia. Segundo ela, só deste modo será possível ouvir e ser ouvido, conhecer verdadeiramente o outro e estabelecer limites saudáveis para a relação.
“Alguns pontos são necessários a qualquer tipo de relacionamento: respeito, cordialidade, diálogo, gentileza, saber até onde vai sua liberdade”, afirmou.

Aliadas na vida
Aceitação e respeito mútuo
“Cresci ouvindo que a sogra é rival”, conta a maquiadora Amanda da Silva dos Santos, 22 anos. Em contrapartida, a relação que ela construiu com a mãe do seu noivo, a assistente de educação infantil Helenita Paixão, 47, não pode ser resumida dessa forma.
A nora considera Helenita uma aliada. Já a sogra atribui a boa relação ao fato de terem muitas coisas em comum.
Ela destaca o respeito que tem por Amanda e afirma: “Aceitei ela como ela é”.
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