Três pessoas estão na UTI após comerem torta supostamente envenenada em BH
Prefeitura de Belo Horizonte disse que interditou nesta quarta (23) o estabelecimento por não possuir alvará sanitário
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Um casal de 23 e 24 anos e uma mulher de 75 anos estão internados em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após terem ingerido uma torta supostamente envenenada de uma padaria de Belo Horizonte.
A Polícia Militar foi acionada na terça-feira (22) por funcionários de um hospital na capital mineira e outro de Sete Lagoas, a 70 km de Belo Horizonte, após pacientes serem internados com sinais de envenenamento.
De acordo com o boletim de ocorrência, os familiares afirmaram que os três haviam ingerido uma torta de frango e uma empada compradas na padaria Natália, no bairro Serrano.
A Prefeitura de Belo Horizonte disse que interditou nesta quarta (23) o estabelecimento por não possuir alvará sanitário, além de ter encontrado irregularidades de higiene e estrutura sanitária.
Procurado pela reportagem, o dono da padaria, Fábio Silva, disse que o homem responsável por produzir o alimento foi contratado de forma temporária durante seis dias e chegou a passar por um treinamento com um padeiro que estava de saída.
Ele disse que só soube posteriormente que o suspeito havia dito a funcionários do estabelecimento que tinha problemas com sua companheira em casa e que poderia cometer uma tragédia.
"Se eu soubesse dessa informação antes, eu tinha mandado esse cara embora na hora", afirmou o empresário.
No domingo, após ter produzido os salgados, o padeiro teria voltado ao local e levado uma torta embora. Silva afirma suspeitar que o funcionário temporário tinha a intenção de envenenar a companheira, mas acabou se enganando e deixado o alimento adulterado na padaria.
O empresário disse que ele e a filha chegaram a consumir alimentos da padaria na segunda-feira e poderiam ter sido envenenados. Ele afirmou também que contribui com as investigações.
De acordo com o delegado responsável pela investigação do caso, Alex Sandro Cecílio Pimenta, o padeiro foi ouvido na tarde desta quarta-feira e disse ter levado uma das tortas produzidas no local. Ela foi consumida por sua família e ninguém teria sentido algo diferente.
A esposa dele também foi ouvida pela Polícia Civil, na condição de testemunha.
"A investigação agora prosseguirá a cargo de delegacia diária para outras diligências necessárias à investigação do caso e a Polícia Civil não descarta nenhuma linha investigativa", disse o delegado.
Os funcionários do local relataram à polícia que na segunda, horas após a compra dos alimentos, as vítimas retornaram ao estabelecimento para reclamar que a torta estava azeda.
O dinheiro foi devolvido, segundo os funcionários, após eles sentirem o cheiro forte do produto.
Eles afirmaram à PM que os salgados foram congelados após a produção no sábado (19) e que eram aquecidos no momento da venda ou para exposição na estufa.
Questionado pelos policiais, o empresário afirmou que não tinha o contato nem sabia o endereço do padeiro. Também não teria comprovante de transferência, porque o pagamento da semana trabalhada foi feito em dinheiro. Silva afirmou à reportagem que o suspeito não tinha Pix.
Os policiais solicitaram imagens da câmera de segurança do local, mas o dono da padaria disse que as câmeras foram queimadas em um incêndio ocorrido há alguns dias. Ele foi encaminhado à delegacia para prestar esclarecimentos.
O casal, que havia visitado a casa da idosa na segunda, passou mal na madrugada do dia seguinte, após ter retornado a Sete Lagoas.
Eles se dirigiram a um hospital da cidade por volta das 16h30 e apresentaram insuficiência respiratória, sendo intubados na sequência.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Sete Lagoas, foi levantada a hipótese de botulismo diante do quadro clínico e os pacientes foram tratados com soro antitoxina botulínica no mesmo dia.
O material gástrico foi enviado à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, para análise laboratorial. Também será analisado a presença de organofosforado.
O botulismo é uma intoxicação grave causada pela bactéria Clostridium botulinum, que produz a toxina botulínica, usada no Botox e encontrada na natureza, capaz de causar paralisia e perda de reflexos no corpo ao atingir o sistema nervoso e, nos casos mais graves, morte.
A idosa precisou ser reanimada pelo próprio filho na manhã de terça (22) e também está em estado grave em um hospital de Belo Horizonte.
Segundo relatos de familiares à PM, a equipe médica suspeita de envenenamento, por substância que ainda será confirmada após exames.
A perícia foi à padaria e coletou os alimentos vendidos no local.
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