Presidente do INSS pede demissão após ordem de Lula em meio a operação da PF e CGU
Segundo relatos de auxiliares de Lula, a orientação foi dada ao ministro Carlos Lupi (Previdência Social) pela manhã
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O presidente Lula (PT) mandou demitir o presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Alessandro Stefanutto, alvo de uma operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) para combater um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões.
Segundo relatos de auxiliares de Lula, a orientação foi dada ao ministro Carlos Lupi (Previdência Social) pela manhã, depois que o presidente foi avisado pelos chefes da PF e da CGU sobre o teor das investigações. Por volta das 16h, o presidente do INSS informou que pediu para deixar o cargo.
A demissão aconteceu em uma semana que já se apresentava desafiadora para o presidente, tendo em pauta, por exemplo, a sucessão no Ministério das Comunicações e uma crise diplomática desencadeada pela revelação de operação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) sobre autoridades paraguaias.
A defesa de Stefanutto afirmou que não vai se pronunciar por não ter tido ainda acesso ao processo.
Lupi chegou a dizer, em entrevista coletiva sobre o caso, que não pretendia demitir Stefanutto. Lupi afirmou que Stefanutto era um servidor que se mostrava exemplar e que não deveria "ser queimado na fogueira" sem saber antes do que estava sendo acusado, o que disse desconhecer também.
A situação, no entanto, se tornara insustentável, na avaliação de integrantes do Palácio do Planalto. O governo considera a gestão do INSS delicada, uma vez que afeta diretamente milhões de beneficiários.
Ainda segundo relatos, Lupi elogiou Stefanutto publicamente na tentativa de criar um ambiente propício à entrega do cargo. Costurada a saída, o Palácio anunciou a decisão de demiti-lo.
Ao longo do dia, auxiliares de Lula trabalharam para divulgar a visão de que a operação da PF e da CGU era uma demonstração de que o governo protege aposentados e pensionistas, reduzindo o possível desgaste com o caso.
Colaboradores do presidente lembram que as associações sob investigação foram credenciadas na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e foram investigadas a partir da iniciativa do próprio governo Lula.
Ainda segundo integrantes do governo, as investigações terão continuidade. A AGU (Advocacia-geral da União) atuará pelo ressarcimento de aposentados que sofreram descontos em seus benefícios sem prévia autorização.
Na avaliação de auxiliares de Lula, o ex-presidente do INSS pecou, no mínimo, por omissão, uma vez que tinha recebido relatório da CGU sobre as suspeitas de irregularidades.
Além de Stefanutto, o procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, o diretor de benefícios e relacionamento com o cidadão, Vanderlei Barbosa, o coordenador geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente e o coordenador geral de Pagamentos e Benefício também foram retirados de seus cargos por decisão da Justiça.
A reportagem tentou entrar em contato com os demais envolvidos por meio da assessoria de imprensa do INSS, mas não obteve resposta.
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