Matriarca confessa que matou vizinha com café envenenado no PI, segundo polícia
Ela diz que o marido, Francisco de Assis Pereira da Costa, envenenou os demais mortos
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O caso do envenenamento de dez pessoas, com oito mortes, em Parnaíba (a 340 quilômetros de Teresina), no Piauí, ganhou novo capítulo com a confissão da matriarca da família, Maria dos Aflitos da Silva, 52. Segundo a Polícia Civil, em depoimento, ela admitiu que matou a vizinha Maria Jocilene da Silva, 41, com café envenenado.
Maria dos Aflitos da Silva, que foi presa na sexta-feira (31), disse que estava "cega de amor" e que colocou veneno no café da vizinha, segundo o delegado Abimael Silva, da Delegacia de Homicídios de Parnaíba.
Ela diz que o marido, Francisco de Assis Pereira da Costa, 53, preso desde o dia 8 de janeiro, envenenou os demais mortos. A suspeita ainda está sem advogado. Já ele, ao ser preso, negou que tenha matado as vítimas. O advogado Antônio de Pádua, que faz a defesa dele, não atendeu as ligações da reportagem.
"Então, eu fiz isso [sobre colocar veneno no café de Maria Jocilene]. Mas eu me arrependo. Me arrependo amargamente... Ele [Francisco] matou meus meninos. Estava tão cega, cega de amor, que nem via o que ele fazia com os meus meninos", diz Maria dos Aflitos em depoimento divulgado pela polícia.
A vizinha foi envenenada por duas vezes. Primeiro, com arroz ingerido no primeiro dia do ano, mas sobreviveu. Depois, com café, no dia 22, quando Francisco já estava preso. Ela morreu dois dias depois.
Conforme o delegado, o envenenamento no dia 22 foi uma forma, nas palavras da suspeita, de matar a vizinha simulando um infarto. A intenção seria fazer com que a culpa pelas outras mortes recaísse sobre a vizinha, inocentando o marido.
Ao ser presa, e admitir a morte da vizinha, Maria dos Aflitos então passou a dizer que Francisco tinha comprado o produto e envenenado todos.
Maria dos Aflitos é mãe de dois e avó de cinco dos mortos por envenenamento. O casal tinha um relacionamento há cinco anos. Ele não era pai e avô das vítimas.
Em um intervalo de cinco meses, de agosto de 2024 a janeiro de 2025, morreram envenenados cinco irmãos pequenos, um deles um bebê de um ano e oito meses. Além disso, morreram a mãe das crianças, Francisca Maria da Silva, o irmão dela, Manoel Leandro da Silva, 18, filhos de Maria dos Aflitos.
A perícia científica constatou que os oito foram mortos com pesticida, veneno usado em plantas e para matar ratos. No almoço do dia 1º de janeiro, o veneno foi colocado no arroz, e os irmãos foram intoxicados com suco. Sobreviveram ao envenenamento o filho da vizinha, de 11 anos, e uma filha de Maria dos Aflitos, de 17 anos.
Diante da confissão, a Polícia Civil admitiu que poderá fazer a exumação do corpo de duas pessoas que morreram antes da descoberta dos oito envenenados.
O delegado Abimael Silva afirmou que o plano da avó e do padrasto era eliminar toda a família. Segundo ele, o crime foi de ódio, premeditado e comparou os assassinatos aos dos casos de Suzane von Richthofen, de Isabella Nardoni e do menino Henry Borel.
"Eles lograram êxito no plano que eles tinham desde o início. Esse plano macabro de eliminar toda a família com o intuito egoístico de ficarem só", disse o delegado.
Maria dos Aflitos tem dez filhos, e seis deles moravam com ela. Os cinco netos e os dois filhos mortos moravam com o casal.
O casal, segundo o delegado, mantinha um triângulo amoroso, em que Maria dos Aflitos e Maria Jocilene se relacionavam, com a ciência de Francisco. Ainda conforme a polícia, o inquérito não foi concluído e novas diligências estão sendo realizadas.
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