‘Eu voltei, gente, por um milagre’, diz jovem baleada na cabeça pela PRF na véspera do Natal
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Baleada na cabeça pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera do Natal, a jovem Juliana Rangel, de 26 anos, deixou a UTI e falou pela primeira vez com a imprensa. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ela contou que acabou sendo atingida ao tentar proteger o irmão, que é deficiente visual, quando percebeu que o carro da família era alvo de tiros. Segundo ela, sua recuperação foi um verdadeiro milagre.
No último dia 24 de dezembro, Juliana e a família iam de carro para Niterói, onde passariam a noite de Natal na casa de parentes. O carro seguia a 90km/h, na pista do meio da Rodovia Washington Luís, na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quando uma viatura da PRF se aproximou.
Ao avistar as luzes da sirene, o pai de Juliana, Alexandre Rangel, que conduzia o veículo, passou para a pista da direita, dando passagem à polícia. Os policiais, no entanto, abriram fogo. Segundo a família, foram disparados mais de 30 tiros.
Juliana foi atingida na cabeça e internada em estado gravíssimo. Ela foi operada emergencialmente na mesma noite. No último sábado, 25, ela teve alta da UTI do Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, e se recupera na enfermaria do mesmo hospital.
“Quero agradecer a todos que acreditaram em mim, que eu ia voltar”, afirmou Juliana, na entrevista. “Eu voltei, gente, por um milagre.”
O pai de Juliana, Alexandre Rangel, dirigia o carro no dia do ataque e tinha a esposa no banco a seu lado. Atrás, viajavam Juliana, o irmão e a namorada dele:
“Aconteceu muito rápido”, contou Juliana. “Eu tomei o tiro tentando salvar o meu irmão. Eu mandei o meu irmão se abaixar, porque ele é deficiente visual. E eu, tentando ver se ele estava agachado, tomei o tiro.”
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Juliana confirmou que os tiros foram disparados por policiais.
“Eu lembro que foi policial porque eu olhei para trás”, disse. “Eu olhei porque quando falaram que era tiro, eu não acreditei.”
Em depoimento, os três policiais (dois homens e uma mulher) admitiram que atiraram contra o veículo da família. Eles disseram que ouviram barulhos de disparos e deduziram que vinham do carro de Alexandre Rangel.
Em nota, a Polícia Federal disse que “as investigações seguem em andamento, aguardando a conclusão da perícia técnica criminal do local de crime”.
Também por nota, a defesa dos três policiais rodoviários federais reafirmou o que eles disseram em depoimento: “que durante a abordagem foram ouvidos estampidos e que, naquele momento, os agentes acreditaram que o barulho vinha do carro da família. Isso os levou a efetuar os disparos”.
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