Caito Maia, fundador da Chilli Beans: “Cliente quer consumir histórias"
Proprietário e fundador da Chilli Beans contou como seu sonho de ser músico o transformou em um empreendedor e falou sobre o sucesso
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Mais do que produtos, um cliente também quer consumir histórias. Essa é uma das lições que o empresário Caito Maia, fundador e dono da Chilli Beans revelou durante sua participação no evento “Em Pratos Limpos”, organizado pela Rede Tribuna com patrocínio da Garoto, Grupo Águia Branca, Sicoob e Sistema OCB.
Em uma entrevista exclusiva para A Tribuna, Caito conta os principais aprendizados ao longo de uma carreira que começou com o sonho de ser músico nos Estados Unidos e acabou mudando completamente após a venda de óculos de sol para amigos e pessoas próximas ir de um mero passatempo para um negócio de sucesso.
A Tribuna – Você começou a carreira de empresário vendendo óculos de sol que trazia dos Estados Unidos enquanto estudava música por lá. Depois, criou outra empresa, a Blue Velvet, que não prosperou mas serviu de base para a Chilli Beans. O que aprendeu com essa primeira loja?
Caito Maia – O grande aprendizado que e tive foi o poder da marca e do branding. Antes, com a Blue Velvet, eu apenas distribuía meus produtos, um negócio B2B.
Como assim?
Eu entendi que precisava de uma marca forte e que esse era o caminho para eu me diferenciar de outras lojas e conversar com o consumidor final. Aí criei a Chilli Beans.
Além da marca, percebi também que o cliente quer consumir mais que produtos, ele quer histórias que fazem sentido para ele. Com a marca forte e storytelling em cada coleção, em cada peça, o negócio decolou.
A Chilli Beans se tornou referência em seu segmento. De que forma é possível transformar uma marca em uma referência deste porte? Que estratégias e planejamento são necessários, especialmente para quem está criando a marca agora?
Acho que são vários pontos aqui. O primeiro é, de novo, a questão da marca forte e querida pelos consumidores. Esse é o desafio primordial do empreendedor. Outro ponto crucial é o modelo de negócios.
O que difere a Chilli Beans das outras em modelo de negócio?
Ao contrário das lojas tradicionais, na Chilli Beans, desde o começo, o cliente tem toda a liberdade para manusear, experimentar, testar os modelos à vontade. Nós fomos pioneiros no self service ótico no Brasil.
Sempre trabalhamos perto das nossas equipes de loja para proporcionar um atendimento próximo, caloroso, que deixa o consumidor bem confortável e conectado com os valores da empresa. Planejar é fundamental, mas esse toque humano é o grande diferencial que você pode ter nos negócios, mais ainda no varejo.
Você já afirmou que a pandemia te ensinou mais do que qualquer faculdade. Que lição pode relatar da pandemia na construção de um negócio de sucesso?
A pandemia foi o meu maior desafio em 25 anos de varejo. Do dia para a noite, todas as lojas fechadas. Ninguém em mercado algum sabia o que fazer, o que viria pela frente. Pensei que podíamos perder tudo do dia para a noite. Arregaçamos as mangas, fomos em frente e saímos melhores do que entramos como empresa.
A marca forte fez a diferença?
A marca forte e querida foi fundamental. O empreendedor que não tinha uma marca relevante ficou pelo caminho. Meu time, que trouxe soluções criativas e opções que não tínhamos ainda no negócio, teve um papel decisivo. Somos mais fortes e unidos hoje.
E qual foi a lição que você tirou disso?
Acho que a grande lição é que, quando as pessoas se comprometem em torno de um objetivo, com novas ideais e talento, nada é impossível.
Falando em pandemia: é inegável a influência dela no crescimento do varejo online. Mas é possível construir uma marca de sucesso exclusivamente com a venda online? Ou as lojas físicas ainda exercem um papel essencial nesse sentido, de criar uma identificação do público com uma marca?
O online e o físico não são concorrentes. São complementares. Nós fortalecemos a nossa operação online durante a pandemia, com excelentes resultados, mas jamais deixamos de acreditar na loja, no ponto de venda físico, com vendedores auxiliando os clientes, contado as histórias dos produtos e das coleções, verdadeiros consultores de moda e estilo.
Então o importante é unir os dois?
As pessoas precisam entender que o futuro não é só digital, ele é uma mistura do que a tecnologia e o ser humano podem fazer juntos. Vemos hoje um movimento intenso de marcas nativas do digital abrindo lojas físicas. Isso diz tudo sobre essa questão.
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