Você está satisfeito com a mobilidade em sua cidade?
O trânsito agarrado é uma coisa que incomoda. Passando o período de férias voltaremos à nossa rotina de congestionamentos. As cidades formam um arranjo socioespacial destinado a várias dimensões do cotidiano.
As ruas estarão sempre sujeitas a variações na demanda em determinados locais ou horários, gerando consequências visíveis e tangíveis nas nossas metrópoles.
Neste contexto, a acessibilidade torna-se fundamental e os planos de mobilidade urbana constituem-se ferramentas imprescindíveis para os deslocamentos adequados da população. Podemos afirmar que a aplicação desses estudos é condição essencial para a prática da cidadania.
Equivocadamente, criamos a cultura do transporte individual rodoviário, com os governos investindo em melhorias do tráfego de automóveis e muito pouco em transporte público coletivo. Não é por acaso que segue o aumento de vendas de carros e motos.
Torna-se fundamental para o ordenamento e disposição das viagens, diminuindo as distâncias entre as áreas, um sistema de transporte público de massa.
A formatação atual deste sistema trabalha com muitos dilemas. A projeção de uma demanda reprimida e como capturá-la norteia os debates.
Confiabilidade, velocidade, custos e segurança são questões estratégicas que não podem ser desconsideradas, dadas as consequências imediatas e futuras. Todavia, inovações disruptivas vieram para ficar, e as cidades têm de abraçar estas tecnologias e incorporá-las na oferta de transporte.
É importante, porém, diferenciar as economias de escala e de escopo. Os sistemas de maior capacidade (barcas, trem urbano, VLT e BRT) se encaixam na primeira categoria e os sistemas atomizados de menor capacidade (micromobilidade) na segunda. Eles devem convergir, mas jamais rivalizar. Nessa área, os planos de ação demonstram certa tendência ao improviso e a moda agora nas narrativas políticas são os multimodais!
Não faltam eloquentes discursos criando uma “onda” em que se exalta patinete, UBER, compartilhamento de bicicletas e veículos, carros elétricos e daí por diante.
Mas, questionados a respeito, as respostas costumam utilizar significados sem o referente objetivo, um velho hábito em que o emissor da mensagem persuade a si mesmo e ao seu público de que está dizendo alguma coisa, quando está dizendo absolutamente nada.
Embora entendamos que gestores estejam seduzidos por soluções criativas e com custo baixíssimo aos cofres públicos, esses recursos seguem priorizando o “transporte individual” em detrimento do coletivo. Não percebem que estamos sendo assombrados pelo mesmo erro do passado.
O transporte individual não é a melhor resposta. Não há dúvidas que os multimodais são necessários, mas só se integrados ao transporte coletivo público funcional e de boa qualidade, e este não recebe investimentos necessários.
Não tem jeito, toda grande cidade que tem sucesso na mobilidade, apostou no transporte coletivo público. É o futuro!