VÍDEO | Médico sai da UTI após quase 50 dias internado e ganha aplausos
“É uma coisa que não tem o que falar a emoção, a felicidade de você sair da UTI. Você acordar e ver que está vivo”. A celebração é do médico cirurgião torácico, Claudio Laurindo, que ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva por quase 50 dias por conta da covid-19.
O médico deixou a UTI na quarta-feira (1º) e foi para o quarto. A previsão é que ele tenha alta do hospital na manhã deste sábado (4), após 47 dias de internação, contando o tempo na unidade intensiva e nos três dias no quarto.
Ainda sentindo muito cansaço, o médico conversou, por telefone, com a reportagem do Tribuna Online na tarde desta sexta-feira (3). Vivendo a ansiedade de voltar para casa e rever os filhos – uma adolescente, de 13 anos, e um menino, de 3 –, Claudio relembrou toda a luta que travou contra a doença nesses quase dois meses.
“As pessoas têm que respeitar essa doença. Eu sou cirurgião de tórax e peguei a doença, operando paciente com covid-19”, disse ele.
Após o surgimento dos primeiros sintomas, o médico deu entrada na UTI de um hospital particular de Cariacica, no dia 16 de maio. “Dois dias depois, choquei, fiquei ruim e fui para o respirador”, lembrou ele.
Quase um mês depois, ele foi transferido para um hospital particular em Itararé, Vitória. Durante o tempo que esteve internado, o cirurgião destaca que alguns dias, como o próprio aniversário de 50 anos, no dia 7 de junho, ele não se lembra.
No entanto, nas recordações dele está a perda de um amigo, que também lutava contra a doença na mesma UTI. “Aqui na UTI pude presenciar muitas coisas. Um amigo meu, anestesista, que estava no leito ao lado do meu faleceu”, lembrou.
Depois de mais de 40 dias internado na UTI, o médico recebeu alta da unidade e foi para o quarto. A vitória sobre a doença foi comemorada pela equipe do hospital, muitos deles amigos de Claudio, que sempre visitavam o médico para saber como ele estava.
Assim que deixou a UTI, ainda na cadeira de rodas e com a bandeira do Flamengo no colo, o médico recebeu uma plaquinha com a frase “eu venci a covid-19”. Quando deixou o local, agradeceu a equipe. Ao passar pelo corredor a caminho do quarto, foi recebido com aplausos por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, entre outros profissionais. “Nós vencemos a covid-19”, afirmou ele para a equipe.
“Fui no céu, beijei Deus e voltei”, diz médico
O cirurgião festeja a segunda oportunidade que ganhou e já planeja o reencontro com os filhos que não vê há quase 50 dias: “Quero juntar todo mundo na mesma cama. Eu, minha esposa e meus dois filhos e dormir todos juntos”.
Tribuna Online - Como o senhor entende tudo o que passou?
Você vai fazer uma cirurgia no pulmão, você planeja que o paciente vai ficar na UTI dois dias ou três dias e vai ter alta. Mas essa doença não é nada planejado. Você pode ficar 50 dias no hospital como pode ficar 14 dias.
Vendo o que o senhor passou qual a sensação?
Fui no céu, beijei Deus e voltei. Tenho algo a mais para fazer aqui e, graças a Deus, voltei.
Meu aniversário de 50 anos foi no 7 de junho. Nesse dia, estava morrendo no hospital, no respirador, estava ruim. Quando acordei agora no final do mês de junho, conversando com minha esposa, que é medica, perguntei a ela: ‘Lu, e meu aniversário? Será que vai dar?’. Eu achava que ainda estávamos em maio.
Ela me falou que o aniversário foi no início do mês e estávamos no final de junho. Aí, você tem aquele susto. É um apagão na sua vida, você nasce de novo. Você dormiu 50, 60 dias. Desses, 30 ou 40 não lembro. Passaram esses dias da minha vida e eu não lembro. Só quem estava de fora que viu. Eu não vivi esses dias, não lembro.
O que vai fazer agora?
Para mim, eu era indestrutível. Acordava às 5 horas e passava o dia trabalhando. Agora mudei meus conceitos, vou viver minha vida, aproveitar meus filhos. É uma nova vida. Segunda data de nascimento.
No vídeo, o senhor aparece com uma bandeira do Flamengo...
A bandeira é da minha filha. Ela mandou a bandeira para o hospital para dar sorte. Deu certo. Até o Vasco foi eliminado (risos). Vamos ganhar o Carioca. Tudo que quero é estar em casa. Dormi todo mundo na mesma cama. Quero juntar todo mundo na mesma cama. Eu, minha esposa e meus dois filhos e dormir todos juntos.
O senhor saiu com a plaquinha que venceu a covid e agradeceu a todos da equipe...
No vídeo eu seguro a placa “eu venci o covid-19”. Lá no hospital, falei com eles que eles fizeram tudo certo, mas para a próxima vez com o paciente colocar “nós vencemos a covid-19”, porque nós vencemos. É toda uma equipe. Claro, que primeiro Deus, mas tem toda uma equipe do fisioterapeuta até o coordenador da UTI.
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