VÍDEO | Arquiteta denuncia falsa aplicação de vacina contra Covid em Vitória
Depois de mais de um ano esperando pela vacina contra a Covid-19, uma arquiteta, de 49 anos, conseguiu agendar a primeira dose do imunizante. No entanto, a sensação de estar imunizada deu lugar a preocupação, após ver em um vídeo a profissional de saúde, jogando fora o líquido da seringa sem que a mulher visse.
A arquiteta agendou a vacina para o último sábado (12), na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Ilha de Santa Maria, em Vitória. Ela foi ao local acompanhada do marido e do filho, porém apenas um deles poderia permanecer na sala de vacinação.
O filho ficou no local, mas não conseguiu registrar o momento da imunização, pois a vacinadora se colocou na frente do braço da arquiteta para aplicar a vacina. O marido ficou no corredor e de onde estava conseguiu filmar com o celular o final da vacinação.
As imagens mostram a profissional conversando com a arquiteta, já com a seringa sem estar espetada no braço dela. A vacinadora está colocando um curativo no braço da mulher, quando pega a seringa e abaixa, empurrando o embolo. Nesse momento, um líquido parece ser injetado de dentro da seringa para o chão. Na sequência, a vacinadora mostra a seringa vazia para a arquiteta.
Um cartão de vacinação com a informação de que a primeira dose da Pfizer foi aplicada foi entregue à arquiteta.
Em entrevista à TV Tribuna/SBT, a arquiteta, que pediu para não ser identificada, informou que só ficou sabendo da situação no dia depois, quando viu o vídeo.
“Quando cheguei em casa, o vídeo me mostrou aquela cena dela abaixando a mão e descartando o líquido. Aquilo me fez chegar a conclusão de que tinha uma coisa muito grave acontecendo, uma coisa que não é o normal. Alguma coisa aconteceu ali. Fiquei muito triste por saber que tem pessoas fazendo isso, pensando se tem muitas pessoas como eu, achando que estão vacinadas”, disse ela.
A arquiteta relata que, ao sair do local de vacinação, uma dúvida sobre a imunização foi levantada pelo filho dela. “Ele disse que ouviu um barulho, depois que ela abaixou a mão. ‘Pode ter sido ar, mãe, que ela tirou da seringa’, disse ele. Eu fiquei encucada, mas só fiquei mais certa de que aconteceu uma coisa quando vi o vídeo que mostra claramente o descarte o líquido”, explicou.
A mulher ainda informou que também não viu o líquido ser puxado do frasco para dentro da seringa, antes da aplicação da dose, conforme o protocolo estabelecido pelas prefeituras para dar transparência ao processo de vacinação.
Prefeitura pede perícia em vídeo e vai apurar
A Prefeitura de Vitória informou, em nota, que tão logo tomou conhecimento informal dos fatos, por iniciativa própria, a Prefeitura Municipal de Vitória registrou notícia crime na Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (Decor), solicitando a realização de perícia técnica no vídeo e a investigação detalhada dos fatos.
“A Prefeitura também abriu procedimento administrativo. Uma sindicância já está em andamento para apurar o ocorrido. Os atos serão apurados conforme Estatuto dos Servidores Municipais e Portaria SEMUS nº. 02/2021”, informou a prefeitura.
A administração municipal ainda reafirmou o compromisso com a transparência e orienta rotineiramente aos servidores o cumprimento dos protocolos de aplicação de imunizante.
“A PMV acrescenta que este é um caso isolado que não representa seu desempenho na vacinação”, disse a nota.
O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Core-ES) informou, em nota, que teve ciência sobre suposto procedimento irregular de vacinação contra a covid-19, ocorrido em uma Unidade de Saúde, em Vitória, a partir de vídeo compartilhado em mídias sociais.
“Com este, foram, ao todo, 5 denúncias encaminhadas ao Conselho, sob possíveis irregularidades na aplicação dos imunizantes contra a covid-19, no Espírito Santo, desde o início da campanha de vacinação. Desse total, 3 não foram infrações. Os outros 2 (que inclui este recente, em Vitória) seguem em tramitação para a apuração, respeitando os princípios do Código de Processo Ético e o Código de Ética da Enfermagem, conforme Resoluções Cofen nº 370/2010 e nº 564/2017, respectivamente”, informou.
O conselho ainda orientou que, qualquer cidadão, ao presenciar situação de suposta infração ética, negligência, imperícia e imprudência relacionada ao exercício profissional de Enfermagem, deve denunciar por meio do canal da Ouvidoria, disponível no site: www.coren-es.org.br.
Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que, até esta segunda-feira (14), a Ouvidoria SUS estadual recebeu 187 manifestações de denúncias e 447 reclamações relacionadas à Campanha de Vacinação contra a Covid-19. “É importante frisar que as manifestações são sigilosas”.
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