Solidariedade nos EUA e no Brasil para enfrentar a Covid-19
No meio desta semana os números da pandemia da Covid-19 já eram estarrecedores. Um milhão de contaminados e mais de 55 mil mortos ao redor do mundo. Aqui, nos Estados Unidos, a agência responsável pelo controle da pandemia registrava mais de 260 mil casos e 6.000 mortes.
Declarações do presidente Donald Trump apontaram um futuro ainda mais sombrio. Segundo ele, as próximas duas semanas serão dolorosas e a Casa Branca projeta entre 100 mil e 240 mil mortes, somente nos EUA.
No Brasil, o número de casos já alcançava, também no meio da semana, a marca de 7.910, com 299 mortos. A vítima mais jovem do novo coronavírus foi um jovem de 23 anos, no Rio Grande do Norte. O avanço da pandemia no País tem se dado de forma rápida e, segundo especialistas, os números podem estar subestimados em razão da falta de testes disponíveis.
Não há dúvidas de que estamos diante da maior crise vivida pela Humanidade nos últimos séculos. Os especialistas são uníssonos ao defender o isolamento como forma mais efetiva de achatar a “curva da morte”, dando mais fôlego ao sistema de saúde e mais esperança às pessoas contaminadas, com quadro grave de comprometimento.
O atendimento ao que recomendam os especialistas, no entanto, causa um baque gigante à economia, que passa a ter o comércio e todos os serviços não essenciais fechados, criando desemprego e aumentando a pobreza. Diante desse cenário, de caos na saúde e baque na economia, iniciativas de solidariedade fazem com que a esperança sobreviva ao desespero criado pelas notícias diárias.
Na cidade de Rockville, onde moro – pequeno município situado no estado de Maryland, perto de Washington D.C. –, a comunidade se organizou para que, a cada semana, refeições sejam adquiridas de um restaurante específico. Almoço e jantar são doados aos profissionais de saúde que estão trabalhando diuturnamente nos hospitais da região.
A cada semana um restaurante é beneficiado, de modo que o impacto do isolamento não seja tão radical na economia. Por aqui, o governador de Maryland decretou o isolamento total, ou seja, apenas serviços essenciais podem funcionar.
No Espírito Santo, um grupo de capixabas idealizou um caminho rápido e seguro para que recursos privados cheguem às famílias mais vulneráveis. Para tanto, foi criado o Fundo Emergencial de Proteção a Pessoas Ameaçadas pela Covid-19 que irá direcionar – em coordenação com o governo do Estado, prefeituras e entidades parceiras – cestas básicas e produtos de higiene aos mais necessitados. Iniciativas como essas nos fazem manter a fé na Humanidade.
É célebre a frase de Madre Teresa de Calcutá: “O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela, o oceano será menor.” Com esse espírito, mantendo a fé e seguindo as orientações científicas, nós sobreviveremos a mais essa crise.
Eugênio Ricas é delegado federal, adido da Polícia Federal nos EUA e mestre em Gestão Pública pela Ufes.