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Coronavírus

Sobrecarga faz médico deixar comando de UTI: "Era até difícil dormir"


Imagem ilustrativa da imagem Sobrecarga faz médico deixar comando de UTI: "Era até difícil dormir"
|  Foto: Divulgação

Após um ano dedicado quase que exclusivamente a “matar Covid”, como costuma publicar em suas redes sociais ao sair para trabalhar, o médico intensivista Adenilton Rampinelli, de 36 anos, tomou a difícil decisão de mudar toda a rotina.

No dia 15 do mês passado, ele deixou a coordenação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde atuava, para reduzir a carga horária de trabalho e voltar a cuidar da família e de si próprio.

De lá para cá, já conseguiu alguns feitos que considera importantes, como ir pela primeira vez, depois de mais de um ano, ao supermercado com a mulher, acompanhar uma aula online da filha, de 7 anos, praticar um esporte e, até, fazer terapia. Para ele, essas pequenas atividades eram impossíveis até março deste ano.

Hoje, Adenilton está dividindo o tempo, com uma semana na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e a outra no Estado, atendendo pacientes, principalmente pós-Covid, em consultório e com visitas de suporte a pacientes internados.

A Tribuna – O que o fez mudar toda a sua rotina?
Adenilton Rampinelli –
A minha especialidade, de Medicina Intensiva, tem essa característica de os profissionais ficarem mais tempo dentro dos hospitais, lidando com pacientes graves. Mas o último ano foi muito mais desgastante.

Chegamos a duplicar e, até, a quadruplicar a carga horária na UTI. Chegava a trabalhar 110 horas por semana. Além disso, como coordenador, acabava tendo de lidar com controle de escalas, pagamentos e da parte assistencial. Tudo isso fez com que eu me ausentasse demais de todo o resto.

A família sentia falta?
Muito. Uma coisa que me marcou foi quando entrei em uma aula online da minha filha e a professora perguntou quem eu era. Percebi como estava ausente. Sempre tentei ser presente, mesmo com a rotina de UTI que tinha.

Antes da pandemia, a gente ainda conseguia sair em um fim de semana, para uma praia ou fazenda, mas nesse último ano, o meu enclausuramento acabou sendo o da minha mulher e da minha filha também. Passei esse tempo todo sem praticar qualquer atividade física.

Imagem ilustrativa da imagem Sobrecarga faz médico deixar comando de UTI: "Era até difícil dormir"
Adenilton Rampinelli, médico intensivista |  Foto: Divulgação
Conseguiu voltar a essas atividades?
Nesses últimos dias, voltei a praticar o tênis, corrida. E, principalmente, me permiti, pela primeira vez na minha vida, cuidar também da mente.

Comecei a fazer terapia. Como médico, achava que sabia me cuidar. Eu me surpreendi muito ao ver como isso ajuda a nos entender.

Ontem (terça-feira), consegui sentar à tarde para assistir a um jogo de futebol, enquanto minha filha assistia a uma aula online, algo que, há alguns meses, nunca imaginei poder fazer.

Como foi tomar essa decisão?
Não foi fácil. No início do ano, com o aumento do número de casos (de Covid), passei a ter dificuldade para dormir, a ficar irritado por tudo.

Por sorte, tenho uma mulher que me apoiou durante todo esse tempo e me fez ver que não estava bem.

Hoje, tenho certeza que a minha parte eu fiz, e fiz bem. Me entreguei totalmente aos meus pacientes nesse último ano, nunca estudei e trabalhei tanto diante de uma doença nova, em que se sabia pouco. Nunca me expus tanto também, nas redes sociais, do que nesse ano.

Começou a usar mais as redes sociais após a pandemia?
Sim. Comecei para informar mesmo à população. Sentia necessidade de mostrar a situação às pessoas e acabou ganhando um alcance diferente (o médico tem hoje mais de 30 mil seguidores). Nesse tempo, conseguimos organizar até mesmo trabalhos sociais.

Não estranhou essa mudança radical?
Ah, sim. Nos primeiros dias, era difícil até dormir. Também tive de lidar com a sensação de culpa por deixar o trabalho para trás, mas a terapia me ajudou.

Hoje, continuo na UTI do Einstein, mas com uma carga horária bem menor. Na semana que estou em Vitória, estou me dedicando à minha família e aos pacientes de consultório, de teleconsultas e das visitas em hospitais. É um nicho novo, pois consigo fazer a ponte entre as famílias e aqueles pacientes internados. Não deixei a luta pela Covid-19, de forma nenhuma, mas estou atuando de forma diferente.
 

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