Sequelas da covid podem afetar vida sexual, diz estudo

Estudo britânico aponta que diminuição da libido e dificuldade de ereção e ejaculação podem ter ligação com a infecção pelo vírus

Isabella de Paula, do jornal A Tribuna | 27/07/2022, 17:54 17:54 h | Atualizado em 27/07/2022, 17:55

A revista britânica Nature Medicine publicou um estudo que sugere uma relação entre a covid-19 e as alterações no desempenho sexual de homens e mulheres.

Após levantamento feito com 2,4 milhões de registros de saúde no Reino Unido, os pesquisadores encontraram 115 sintomas que podem ter ligação com a doença. Deste total, 62 foram notificados em um maior número de pacientes.

Entre as principais sequelas identificadas estão a disfunção sexual, a dificuldade de ejaculação e a diminuição da libido. 

Especialistas em sexologia destacam que esses problemas interferem diretamente no bem-estar e na saúde da população.

Especialista em sexualidade masculina, Camilo Milanez afirma que existe a possibilidade de que as sequelas relatadas por pacientes infectados tenham, de fato, relação com o vírus.

“Em teoria, é possível existir essa relação, já que a covid-19 é uma doença do sistema imunológico e cardiovascular, que pode atingir qualquer órgão ou tecido, inclusive os sistemas sexual e neurológico”.

O especialista pontua, entretanto, que a nova pesquisa deve ser vista com cautela. “Apesar de ser uma pesquisa inicial importante, do ponto de vista científico, o estudo é uma revisão de prontuário. O período de três meses é muito curto para confirmar essas hipóteses observadas”, destacou Milanez.

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A sexóloga Flaviane Brandemberg destaca que, após a pandemia, a vida sexual de muitos brasileiros sofreu mudanças. “Muitos  sofreram impactos negativos da doença em sua vida sexual, comprometendo tanto o desenvolvimento físico quanto psicológico”. 

Flaviane ressaltou que a vida sexual saudável também é importante para a saúde mental.

“A saúde sexual faz parte da saúde mental. Quem está com a vida sexual fluida, tem uma resposta melhor na autoestima e na autoconfiança”.

Até agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece 33 sintomas ligados à covid longa, mas ainda não incluiu oficialmente as alterações sexuais.

A infectologista Euzanete Coser explica que a covid longa é o termo utilizado para o conjunto de sintomas que a pessoa infectada pelo vírus da covid-19 pode ter meses depois da infecção.


SAIBA MAIS

2,4 milhões de dados foram analisados

A pesquisa

O estudo publicado nesta semana na revista britânica Nature Medicine  sugere uma relação entre a covid longa e alterações no desempenho sexual de homens e mulheres.

Entre as sequelas estão a disfunção sexual, a dificuldade de ejaculação e diminuição da libido.

Dados analisados

O levantamento observou 2,4 milhões de registros de saúde do Reino Unido, com informações sobre a doença.

Para a análise, os participantes do estudo foram segmentados por idade, sexo, etnia, status socioeconômico e outros fatores.

Foram comparadas informações de 486.149 pessoas infectadas entre janeiro de 2020 e abril de 2021, não hospitalizadas, com 1,9 milhão de pessoas que testaram negativo para a covid-19. 

A pesquisa encontrou 115 sintomas que podem ter ligação com  a doença, dos quais 62  foram identificados em mais pacientes infectados. 

Com os dados, os pesquisadores observaram que, aproximadamente, 10% dos pacientes com a covid-19 desenvolvem sintomas permanentes da infecção.

O que é a covid longa

A covid longa é o conjunto de sintomas que os infectados têm a longo prazo, que aparecem até três meses depois da infecção pelo vírus. 

AS principais queixas são fadiga constante, zumbido no ouvido, perda de olfato e paladar prolongado e dores nas articulações.

Além dos sintomas já conhecidos, a pesquisa apresentou outras possíveis sequelas – como a disfunção sexual – que devem ser observadas com o passar do tempo.

Fonte: Revista Nature Medicine e especialistas consultados.

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