Mais de duas mil cirurgias bariátricas todo ano no ES

Procedimento pode ser realizado geralmente a partir dos 16 anos, explicam especialistas. Atualmente, ele é feito por vídeo ou robô

Camila Lima, do jornal A Triubna | 27/03/2024, 18:25 18:25 h | Atualizado em 27/03/2024, 15:40

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/170000/372x236/Mais-de-duas-mil-cirurgias-bariatricas-todo-ano-no0017365100202403271541/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F170000%2FMais-de-duas-mil-cirurgias-bariatricas-todo-ano-no0017365100202403271541.jpg%3Fxid%3D766043&xid=766043 600w, Maiara antes e depois da bariátrica: sertaneja também já fez lipoaspiração e  colocou um balão intragástrico

Das mais de 40 milhões de mortes anuais atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis, 5 milhões são influenciadas pelo sobrepeso e obesidade. É o que mostra levantamento feito pela  Federação Mundial da Obesidade (WOF, na sigla em inglês) e divulgado no Atlas da Obesidade Mundial neste mês.

Entre as alternativas de tratamento está a cirurgia bariátrica. Estimativa feita por especialistas da área no Estado aponta que, em média, mais de 2 mil cirurgias são feitas por ano no Espírito Santo. E a procura tende a aumentar, até mesmo entre os adolescentes.

O aumento entre o público adolescente se justifica: o próprio levantamento da WOF, com base nas tendências atuais, aponta que até 2035, mais de 750 milhões de crianças (com idade entre 5 e 19 anos) deverão viver com sobrepeso e obesidade.

Há uma grande procura de cirurgia por adolescentes, obesos mórbidos, porque a obesidade está sendo cada vez mais comum na infância, explica o cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Peixoto, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

“Assim que o paciente tiver uma capacidade de autocuidado, uma consciência do que é a cirurgia, do pós-operatório, já tiver a idade óssea consolidada, pubarca nos homens e menarca nas mulheres, ele já pode fazer cirurgia bariátrica. Geralmente, começa a fazer a partir de 16 anos”, ressalta.

Gustavo destaca que, ano após ano, existe uma tendência de aumento da bariátrica, devido ao aumento da obesidade e à melhora dos desfechos por meio da cirurgia, que antes era aberta e hoje é por vídeo ou por robô.

A cirurgiã Diandria Bertollo aponta que para a realização das cirurgias, os casos são sempre avaliados de forma individualizada, onde equipe multidisciplinar atua na avaliação de indicar ou não a cirurgia. “O que deve ser sempre levado em conta por esses pacientes é buscar equipe médica habilitada e com experiência comprovada, para que sua avaliação seja feita de forma correta”.

O cirurgião bariátrico e nutrólogo Roger Bongestab alerta que a obesidade é uma doença que não tem cura.

“Nem a cirurgia cura e nem as medicações. Todos os procedimentos são feitos de forma a controlar a doença e, principalmente, melhorar a qualidade de vida, aumentar a sobrevida do paciente, diminuindo as complicações advindas da síndrome metabólica”, destaca.

Cantora surpreende com 47 quilos

A forma física da cantora Maiara, da dupla com Maraisa, chamou atenção nos últimos dias nas redes sociais. Pesando 47 quilos, internautas chegaram a questionar a magreza da cantora, sugerindo até que ela pudesse estar doente.

Maiara veio a público e revelou ter feito vários procedimentos com o intuito de emagrecer, como bariátrica, lipoaspiração e a colocação de um balão intragástrico.

Disse ainda que estava lutando contra o aumento de peso e quase precisou passar por uma nova cirurgia bariátrica.

“Desde criança sempre fui acima do peso. É uma questão genética, de família. Com a obesidade existem outros problemas de saúde, que são pressão alta, diabetes. Hoje devo estar com 47 quilos, mas já cheguei a pesar 85 quilos”, revelou a cantora.

“A cirurgia ajuda, mas não resolve a vida. Há cinco anos passei por uma lipo e coloquei silicone, porque tive sobra de pele. Cheguei a 62 quilos. Mas há um ano engordei de novo e parei no 75 quilos. Coloquei balão e tentei de tudo”.

Maiara contou que agora o foco é perder gordura e ganhar massa muscular, sendo acompanhada por médicos e educador físico. “Estou na melhor fase da minha vida”, afirmou.

O cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Peixoto, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destaca que existe muito preconceito não só com a cirurgia bariátrica, mas também com a obesidade.

“No País, a obesidade, muitas vezes, não é vista como uma doença, que aumenta os custos da saúde, faz com que as pessoas tenham infarto, derrame e câncer. Muitas vezes, é atribuído ao indivíduo a obesidade. E sabemos que não é só isso”, destaca o médico.

Gustavo diz ainda que quando a pessoa faz a bariátrica, há um emagrecimento expressivo e é normal que a pessoa queira fazer uma plástica reparadora. “Isso é normal, é previsto pelo SUS e é previsto também pelas normas da Agência Nacional da Saúde Suplementar”

Pacientes encaram nova operação

Nem todos os pacientes que se submetem a uma cirurgia bariátrica conseguem manter o processo de emagrecimento.

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O País realiza, em média, 100 mil cirurgias por ano, segundo o cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Peixoto, sendo que de 8% a 10% dessas cirurgias são revisionais, ou seja, uma segunda bariátrica.

O cirurgião bariátrico Roger Bongestab explica que quem faz bariátrica pode ter um efeito sanfona. “O efeito sanfona é nada mais do que uma manifestação chamada de recidiva do peso. Por ser uma doença crônica incurável, ela fica em latência, ou seja, o peso diminui, mas quando o paciente tem hábitos errados, ele volta a subir”.

Segundo o médico, pacientes bariátricos têm, às vezes, necessidade de medicações, mesmo no pós-operatório, para poder manter o peso controlado. Roger ressalta que é preciso atenção aos pacientes bariátricos, já que a perda de peso pode envolver perda de músculo, de gordura, de ossos e de água.

Pacientes devem ter em mente, segundo a cirurgiã Diandria Bertollo, que hábitos saudáveis, como adoção de dietas adequadas e atividade física regulares, são sempre fatores determinantes para bons resultados quanto à perda de peso.

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